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Deputados italianos dão sinal verde ao ambicioso plano de Letta

Após dois meses de bloqueio político, Enrico Letta foi escolhido para liderar o primeiro governo de união esquerda-direita do pós-guerra

Agência France-Presse
postado em 29/04/2013 18:17
Roma - Os deputados italianos deram nesta segunda-feira (29/4) sua confiança ao governo liderado por Enrico Letta, que havia apresentado antes um ambicioso plano para reativar o crescimento da Itália e moralizar a política.

Os deputados deram seu apoio ao governo por ampla maioria, 453 "sim", quando a maioria necessária era de 303 votos. Os senadores votarão na terça.

No dia seguinte a sua cerimônia de posse, Letta afirmou em seu primeiro discurso diante dos deputados que quer resultados "em 18 meses" para as reformas econômicas, sociais e políticas que pretende realizar. "Se tudo der errado, eu assumirei as consequências", disse com firmeza. "Ousemos fazer de grandes coisas", disse este cristão-democrata de esquerda, citando declarações recentes do papa Francisco, em seu discurso que antecedeu um debate e, depois, um voto de confiança.

Após dois meses de bloqueio político, ele foi escolhido para liderar o primeiro governo de união esquerda-direita do pós-guerra.

Ressaltando a sua vontade de usar uma "linguagem verdadeira", Letta considerou que "a Itália morre apenas por culpa da austeridade. As políticas em favor da retomada não podem mais esperar".

Seu discurso era muito aguardado pelos mercados, preocupados com a situação da terceira maior economia europeia, que enfrenta a sua pior recessão no pós-guerra.

Sempre se dizendo "europeu e europeísta (favorável a uma federação europeia, nr)" e anunciando viagens iminentes a Berlim, Bruxelas e Paris, Letta criticou uma União Europeia "em crise de legitimidade no momento em que os cidadãos mais precisam". "A Europa, como funciona atualmente, precisa de mudanças significativas", segundo ele.

A Itália "respeitará os compromissos" assumidos, mas vai querer uma "margem de manobra" mais ampla para relançar sua economia.

A prioridade de Letta que, aos 46 anos, é um dos mais jovens líderes europeus, será atacar "a situação de emergência" que se apresenta no mercado de trabalho italiano, com uma taxa de desemprego de 12% (35% para os jovens) e o "pesadelo do empobrecimento".

Para aliviar a classe média, Letta decidiu acabar com o pagamento previsto para junho da segunda quota anual do impopular imposto sobre imóveis sobre a residência principal (IMU.

Os aliados de Silvio Berlusconi comemoraram. "É uma doce música para nossos ouvidos", declarou o número dois do governo, Angelino Alfano, braço direito do ;Cavaliere;, que havia prometido durante a campanhas das legislativas a supressão do IMU e até o reembolso.



Para garantir mais "igualdade", o governo travará uma "luta sem piedade contra a evasão fiscal, garantindo um fisco compreensivo que não dará calafrios nos cidadãos", garantiu o novo primeiro-ministro, prometendo "menos burocracia".

Letta mencionou uma renda mínima para "as famílias desfavorecidas", a extensão dos auxílios sociais aos trabalhadores em situação precária, o desenvolvimento da educação e investimentos em pesquisa e inovação, assim como em turismo.

Outra frente aberta pelo governo Letta é a moralização da vida pública e a redução dos custos da política, com o objetivo claro de reduzir o peso do Movimento 5 Estrelas (M5S) antipartidos do ex-humorista Beppe Grillo, que recebeu 25% dos votos nas legislativas. "Para dar o exemplo", Letta anunciou sem consultar antes os seus colegas a supressão dos duplos salários dos ministros que também são parlamentares. O financiamento público dos partidos políticos também será "revolucionado".

A formação do governo Letta não teve efeito imediato sobre a nota soberana da Itália (nota a longo prazo BBB%2b), anunciada nesta segunda pela agência de classificação Standard and Poor;s porque "ainda não está claro se o governo de coalizão colocará em andamento reformas que favoreçam o crescimento".

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