Agência France-Presse
postado em 01/05/2013 12:40
Jerusalém - Israel e os palestinos reduziram nesta quarta-feira (1;/5) a esperança de retomada do diálogo que havia sido provocada pela nova versão da iniciativa de paz árabe, apoiada pelos Estados Unidos, que valida explicitamente o princípio de intercâmbio de territórios.O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta quarta-feira que o conflito com os palestinos não é territorial, e sim provocado pela recusa destes em reconhecer a existência de um Estado judaico.
"O conflito entre israelenses e palestinos não é territorial, e sim radica na própria existência do Estado de Israel", declarou Netanyahu durante uma reunião no Ministério das Relações Exteriores.
"A ausência de vontade dos palestinos de reconhecer o Estado de Israel como Estado nação do povo judeu: esta é a raiz do conflito", afirmou.
"A raiz do conflito não é territorial, começou muito antes de 1967 (data da ocupação dos Territórios Palestinos). Pudemos comprovar quando saímos (unilateralmente em 2005) da Faixa de Gaza, retiramos até o último colono e o que conseguimos? Foguetes contra o sul de Israel", completou o premier.
Netanyahu reiterou que está disposto a retomar "sem condições prévias" as negociações com os palestinos, suspensas desde setembro de 2010.
Em uma reunião em Washington entre uma delegação da Liga Árabe e o secretário de Estado americano John Kerry, o primeiro-ministro do Qatar, Hamad ben Khasem al-Thani, cujo país preside o comitê de acompanhamento da iniciativa de paz árabe, se declarou favorável a um intercâmbio de territórios "comparável e aceito mutuamente".
O ministro das Comunicações de Israel, Gilad Erdan, afirmou que o país se recusa a negociar com os palestinos uma retirada completa da Cisjordânia, de Jerusalém Leste e da Faixa de Gaza até as fronteiras de 1967.
"Se Israel aceitar voltar à mesa de negociações afirmando de maneira antecipada que acontecerão com base no traçado de 1967, não restará muito o que negociar. Não se pode começar a debater aceitando com antecedência que se renuncia a tudo", afirmou Erdan.
"Espero que Abu Mazen (Mahmud Abbas, presidente palestino) não pense que Israel deve renunciar as suas posições, e aceitar transferir todos os territórios nos quais acreditamos ter o direito de estar instalados", completou o ministro.
A modificação da iniciativa árabe também não agradou os palestinos, que a consideraram uma concessão aos israelenses.
O movimento Hamas, no poder em Gaza, rejeitou de maneira taxativa nesta quarta-feira a nova versão da iniciativa de paz da Liga Árabe.
Em Ramallah, sede da Autoridade Palestina de Mahmud Abbas, o negociador Mohamad Chtayeh manifestou reservas sobre a nova formulação da proposta de paz que data de 2002. Em entrevista à rádio oficial Voz da Palestina, ele afirmou que "não gosta da ideia de emendar a iniciativa".
"Nossa posição sobre este tema é clara e o Hamas rejeitou a iniciativa e o princípio de intercâmbio de território. Peço à delegação árabe que trabalhe para acabar com a colonização e continue fixada nas reivindicações de sempre dos palestinos", afirmou em um comunicado Salah Bardawil, dirigente do Hamas, movimento que não reconhece Israel.
Mohamad Chtayeh afirmou que "a iniciativa árabe é um todo".
"Não tínhamos a intenção de uma emenda", completou.