Islamabad - O procurador que dirigia a investigação pela morte da ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto e pelos atentados de Mumbai em 2008 foi assassinado a tiros nesta sexta-feira (3/5) em Islamabad quando saía de sua casa em direção ao tribunal, informou a polícia.
Chaudhry Zulfiqar dirigia seu carro quando recebeu vários tiros disparados por homens de moto em uma rua muito movimentada de um bairro residencial da capital paquistanesa. Seu guarda-costas ficou ferido e uma pedestre morreu ao ser atropelada pelo veículo do procurador, segundo a polícia. Os criminosos fugiram.
Segundo os médicos, o procurador morreu antes de chegar ao hospital público de Islamabad.
Este assassinato ocorre a oito dias das eleições gerais do país, consideradas históricas, já que o governo civil acaba de terminar uma legislatura completa de cinco anos, fato inédito neste país onde os golpes de Estado militares se tornaram constantes.
A campanha foi ofuscada, no entanto, por diversos ataques contra os candidatos.
No ano passado, a segurança de Zulfiqar foi reforçada depois que seu nome foi mencionado em ameaças dirigidas aos policiais que investigavam o assassinato de Bhutto, até hoje sem solução.
Os autores desta ameaça não foram identificados, mas um dos investigadores indicou que recebeu ameaças que o intimavam a não se apresentar ao tribunal sob convocação do procurador. Estas ameaças foram feitas a partir de um telefone com número identificado no vizinho Afeganistão, bastião dos islamitas talibãs.
O presidente Asif Ali Zardari, viúvo de Benazir Bhutto, condenou o assassinato e ordenou uma investigação profunda "para encontrar os verdadeiros culpados".
[SAIBAMAIS]No momento do atentado, Zulfiqar se dirigia a uma nova audiência no tribunal antiterrorista de Rawalpindi, a 30 km da capital, dedicada ao assassinato de Bhutto em 26 de dezembro de 2007, quando dirigia o cortejo de seu partido, o Partido do Povo Paquistanês (PPP), precisamente em Rawalpindi.
Este caso voltou à tona recentemente com o retorno do exílio do ex-presidente Pervez Musharraf, acusado de não ter protegido Bhutto de forma suficiente quando estava no poder. Musharraf encontra-se atualmente em prisão domiciliar.
Até agora ninguém foi condenado pelo assassinato de Bhutto. O governo de Musharraf havia acusado em certo momento Baitulah Mehsud, o chefe dos rebeldes paquistaneses, que morreu por um ataque de um avião teleguiado em 2009.
No entanto, Mehsud havia negado sua participação no assassinato.