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Ex-secretária denuncia o envio de dinheiro à residência do casal Kirchner

Sacolas teriam sido entregues por empresários. Escândalo surge à tona no momento em que a presidente Cristina Kirchner enfrenta uma inflação de 10%, vê sua popularidade despencar

Rodrigo Craveiro
postado em 07/05/2013 08:13
A presidente Cristina Kirchner e o marido, Néstor, morto em 2010: rápido enriquecimento do casal levantou suspeitas de corrupção no governo

Entre 2003 e 2010, o casal mais poderoso da Argentina viu sua fortuna aumentar de 6,8 milhões de pesos (cerca de R$ 2,6 bilhões) para 70,5 milhões de pesos (R$ 27,2 bilhões). Um novo escândalo ; tornado público na noite de domingo ; pode explicar como o ex-presidente Néstor Kirchner e sua mulher, Cristina Fernández de Kirchner, multiplicaram por dez o valor de seu patrimônio. ;Eles construíram o poder com o dinheiro;, afirmou Miriam Quiroga, secretária de Néstor por sete anos, em entrevista ao jornalista Jorge Lanata. Ela garantiu que, nesse intervalo de tempo, sacolas de dinheiro chegavam à residência dos Kirchner em El Calafate, cidade da província de Santa Cruz situada a 2,7 mil km de Buenos Aires.

[SAIBAMAIS];As sacolas pretas com o dinheiro eram recebidas por Daniel Muñoz (ex-secretário de Néstor). Elas chegavam ali por alguém;, contou Miriam, ao citar os nomes de empresários próximos ao casal, entre eles Lázaro Báez, acusado de lavagem de dinheiro por 20 milhões de pesos; Cristóbal López; além de integrantes da família Eskenazi, acionista da petroleira Repsol YPF. O chamado ;dinheiro K; deixava a Casa Rosada e era levado ao sul do país por terra ou a bordo do avião presidencial Tango 01. A ex-secretária assegurou ter visto as sacolas, mas disse que jamais as abriu e somente soube do conteúdo por meio de colegas. O escândalo surge à tona no momento em que a presidente Cristina Kirchner enfrenta uma inflação de 10%, vê sua popularidade despencar e precisa lidar com a greve de rodoviários, que já dura seis dias.



Miriam relatou ter ouvido uma conversa de Néstor com o responsável pela obra da casa em El Calafate. ;O presidente exigia que avançassem mais rapidamente na construção de abóbadas. Eu mesma escutei isso. Há portas grandes e blindadas ali;, explicou, ao sustentar que as estruturas em forma de arco serviam de esconderijo para ;importantes quantias de dinheiro e de ouro;. A deputada Elisa Carrió apresentou ontem, ante a Justiça Federal, uma cópia da entrevista. ;(Miriam) Quiroga relatou com exatidão o que narrei ao procurador e ao magistrado, em 2008, e espero que, agora, o juiz (Julián) Ercolini, enfim, ative a causa. Me dói muito tudo o que eles roubaram;, disse Carrió ao jornal Clarín. Segundo a denúncia, as barras de ouro teriam sido entregues em El Calafate por Armando ;Bombón; Mercado, cunhado de Néstor. ;Os comentários são de que ouro sai via Chile e chega ao Sul, de barco, pelo Oceano Pacífico;, afirmou a ex-secretária. Miriam também disse estranhar o enriquecimento dos assessores dos Kirchner. ;Houve muita mudança. Em sua forma de vestir, de gastar, em tudo o que compravam.; Nos últimos anos, as empresas de engenharia e de petróleo pertencentes ao contador e ao filho de Lázaro Báez experimentaram uma inexplicável ascensão econômica.

Sacolas teriam sido entregues por empresários. Escândalo surge à tona no momento em que a presidente Cristina Kirchner enfrenta uma inflação de 10%, vê sua popularidade despencar

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