Agência France-Presse
postado em 09/05/2013 11:42
Nova York - Tamerlan Tsarnaev, um dos suspeitos de realizar um atentado a bomba na maratona de Boston, assassinado durante uma operação policial na semana do ataque, finalmente foi enterrado, encerrando um impasse crescente sobre o que fazer com seu corpo, informou nesta quinta-feira (9/5) a polícia da cidade americana de Worcester.
"Como resultado de nosso apelo público por ajuda, um indivíduo corajoso e compassivo se pronunciou para fornecer a assistência necessária para enterrar adequadamente o morto", informou o departamento de polícia da cidade, localizada no estado de Massachusetts, em seu site. "Seu corpo já não está na Cidade de Worcester e agora está enterrado", disse o comunicado.
Tsarnaev, de 26 anos, morreu durante um tiroteio com a polícia três dias após o atentado de 15 de abril, que matou três pessoas e deixou mais de 260 feridas na linha de chegada da maratona. Ele foi morto devido a tiros e traumatismos, de acordo com sua certidão de óbito, e aparentemente foi atropelado pelo carro dirigido por seu irmão mais novo, Dzhokhar, que está detido em um hospital penitenciário com ferimentos de bala.
Desde o desenlace sangrento do atentado de Boston, o corpo do promissor lutador de boxe esteve no limbo em uma casa funerária. Os cemitérios se recusaram a aceitá-lo e as autoridades municipais da área de Boston não quiseram intervir, enquanto manifestantes que cercaram a casa funerária exigiam que o corpo de Tsarnaev fosse enviado de volta a sua província natal do Daguestão, uma região conturbada de maioria muçulmana no Cáucaso russo.
[SAIBAMAIS]No entanto, um tio que vivia nos Estados Unidos disse que Tsarnaev deveria ser enterrado no local que se tornou sua verdadeira casa, em Boston, provocando um impasse crescente. Na quarta-feira, o chefe da polícia de Worcester, Gary Gemme, apelou por uma resolução, afirmando: "Não somos bárbaros. Nós enterramos os mortos".
Mas o prefeito de Boston, Thomas Menino, disse que não queria que Tsarnaev fosse enterrado lá. A mesma posição foi tomada pelo gestor municipal em Cambridge, onde Tsarnaev viveu nos últimos tempos, citando temores de "tumultos, protestos e presença generalizada da mídia no enterro". Em seu comunicado desta quinta-feira, a polícia de Worcester não identificou a pessoa que finalmente resolveu o impasse e também não informou a localização do túmulo.
"O chefe agradece a comunidade que forneceu o local do enterro. Não há mais informações até o momento", disse o departamento. Investigadores acreditam que os irmãos Tsarnaev tenham sido motivados por uma ideologia islâmica radical ao promoverem os atentados na maratona. Sua família é originária da Chechênia, onde dezenas de milhares de civis morreram nas últimas duas décadas pelas tentativas da Rússia de derrotar uma rebelião armada com bombardeios e supostos casos de tortura e massacres generalizados.
No entanto, não há evidências concretas até hoje de que os irmãos agiram como parte de uma conspiração maior ou em conjunto com grupos militares estrangeiros. Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos, enfrenta a prisão perpétua ou a pena de morte se for condenado pelas acusações de terrorismo, incluindo o uso de armas de destruição em massa. Também neste quinta-feira (9), o comissário de polícia de Boston pediu um reforço na segurança em eventos públicos para prevenir ataques terroristas como o ocorrido durante a maratona.
Na primeira de uma série de audiências no Congresso sobre o atentado de Boston, os legisladores ouviram que as tecnologias de segurança se mostraram cruciais no momento de buscar os responsáveis pelo crime. "As imagens das câmeras não mentem. Elas não esquecem", disse o comissário Edward Davis ao Comitê de Segurança Interna, ressaltando a importância destas imagens na hora de identificar os irmãos Tsarnaev como suspeitos.
Mas ele alertou que o uso de tecnologias de segurança cada vez mais sofisticadas não deve ter por objetivo "sufocar a liberdade de expressão". "No futuro, teremos de implantar mais ativos, incluindo tecnologia, câmeras, policiais à paisana e unidades especializadas", disse. "Essa necessidade, no entanto, deve ser equilibrada com a proteção de nossas liberdades constitucionais. Eu não apoio ações que levem Boston e nossa nação a uma mentalidade de estado policial, com câmeras de vigilância ligadas a cada poste de luz na cidade".
Davis também afirmou que a coordenação local, regional e federal sobre as questões de segurança é vital, mas nada pode substituir a ação comunitária. "Não há meios técnicos que você possa citar... que vão informar o nome de um terrorista", disse Davis. "É a comunidade, envolvida no tema... (que irá informar) quando algo errado for identificado", completou.