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EUA querem manter nove bases militares no Afeganistão após 2014

Por outro lado, os talibãs denunciam o projeto e dizem que a retirada total das forças estrangeiras do Afeganistão é uma das condições para negociar a paz

Agência France-Presse
postado em 09/05/2013 13:23

Cabul - Os Estados Unidos querem manter nove bases militares no Afeganistão após a retirada das forças da Otan do país em 2014, indicou nesta quinta-feira (9/5) o presidente afegão, Hamid Karzai, que disse ser favorável a este pedido.

Os talibãs denunciam este projeto e dizem que a retirada total das forças estrangeiras do Afeganistão é uma das condições para negociar a paz. Os americanos "querem nove bases em todo o Afeganistão, em Cabul, Bagram, Mazar-i-Sharif, Jalalabad, Gardez, Kandahar, Helmand e Herat", disse Karzai.


"Aceitamos dar a eles estas bases porque é bom para o Afeganistão", disse o líder afegão em um discurso na Universidade de Cabul transmitido pela televisão.

[SAIBAMAIS]Karzai explicou que há "negociações muito sérias e delicadas" em curso com os Estados Unidos. "O Afeganistão também tem suas próprias demandas e interesses", explicou, sem abordar a espinhosa questão da imunidade dos soldados americanos depois de 2014.

O presidente americano, Barack Obama, quer manter soldados no país após o fim da missão de combate da Otan, em 2014, mas apenas se Cabul aceitar conceder imunidade jurídica a eles. Cerca de 100 mil soldados estrangeiros, integrantes da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf, em inglês), sob mandato da Otan, enfrentam no Afeganistão a insurreição armada dos talibãs.

Karzai afirmou que, além dos Estados Unidos, outros países da Otan estudam a possibilidade de conservar tropas no país depois de 2014. "A Otan costumava dizer que ia embora, mas agora vem um depois do outro dizer ;não vamos, vamos ficar;", acrescentou Karzai sem citar nenhum país nem explicar qual será a missão destas tropas.

Segundo o presidente, cada país precisará assinar com o governo afegão um acordo bilateral que estabelecerá as modalidades de sua presença no Afeganistão depois de 2014. A Isaf combate há mais de dez anos ao lado das forças armadas afegãs a tenaz insurreição talibã, que nos últimos anos ganhou tanta força que os ocidentais não descartam iniciar negociações de paz.

Em 2014, o Afeganistão deve eleger um novo presidente para substituir Karzai, que constitucionalmente não pode se apresentar para um terceiro mandato. "A única coisa nova deste anúncio é a quantidade de bases que os americanos querem. Karzai quer observar a reação dos afegãos, do Paquistão, do Irã e de outros países vizinhos", disse Waheed Wafa, diretor de um centro de pesquisa da Universidade de Cabul.

Por sua vez, Karzai falou das relações com o Paquistão, que nos últimos dias voltaram a se tornar tensas devido a um litígio fronteiriço que levou a tiroteios entre as forças afegãs e paquistanesas. "O Afeganistão jamais aceitará a linha Durand", disse Karzai, referindo-se à fronteira estabelecida em 1893 por um oficial britânico para separar o Afeganistão do que era nesta época o império das Índias britânicas. Já o Paquistão considera que este assunto está encerrado.

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