Agência France-Presse
postado em 09/05/2013 20:15
O promotor americano Timothy McGinty acusou nesta quinta-feira o "maníaco de Cleveland" Ariel Castro, já indiciado pelo rapto de três mulheres, de forçá-las a abortar e alertou que poderá buscar uma condenação à pena de morte.Castro, de 52 anos, é suspeito de agredir fisicamente pelo menos uma das jovens para forçá-la a encerrar a gravidez, iniciada durante o cativeiro.
"Minha intenção é buscar acusações para cada um dos atos de violência sexual, estupro, por cada dia de sequestro, por cada agressão criminosa, por todas as tentativas de homicídio e para cada homicídio qualificado que ele cometeu forçando abortos, tudo que o agressor fez contra as reféns durante essa longa década de provação", declarou o promotor do condado de Cuyahoga, Timothy McGinty.
"Meu gabinete também se empenhará em um processo formal, no qual consideramos buscar acusações elegíveis para a pena de morte", acrescentou.
"A realidade é que nós ainda temos criminosos brutais entre nós que não têm respeito pelo Estado de Direito e pela vida humana. A legislação de Ohio impõe a pena de morte para os criminosos mais depravados, que cometam homicídios qualificados em um sequestro", frisou.
Nesta quinta, o motorista de ônibus desempregado Ariel Castro foi preso sob fiança de US$ 8 milhões, depois de ser acusado pelo sequestro e estupro de três jovens de Cleveland, e pelo cárcere privado da filha de uma das vítimas.
Depois que os investigadores conseguirem interrogar as vítimas mais detalhadamente e examinar a cena do crime, McGinty acredita que acusações ainda mais sérias possam ser apresentadas. Ele chamou a casa de "câmara de tortura e cárcere privado no coração da cidade" e declarou que "a terrível brutalidade e a tortura pelas quais as vítimas passaram por uma década estão além da compreensão".
"É meu dever perseguir uma justiça que seja rápida, implacável e justa", frisou McGinty.
Ariel Castro foi detido na segunda-feira, depois que Amanda Berry, de 27, conseguiu chamar a atenção de um vizinho que derrubou a porta, libertou a refém e sua filha de seis anos. A polícia chegou ao local e, ao entrar na casa, encontrou outras duas jovens, identificadas como Gina DeJesus, de 23, e Michelle Knight, de 32, raptadas em diferentes momentos.
Nesta quinta, Castro foi apresentado ao tribunal municipal de Cleveland, sob acusações de rapto das três jovens, assim como cárcere privado da filha de Amanda.
O assistente da Promotoria local, Brian Murphy, explicou que "as acusações contra Castro se baseiam em decisões premeditadas, deliberadas e depravadas de raptar três jovens mulheres das ruas do lado oeste de Cleveland para serem usadas, não importa de que maneira, para sua satisfação pessoal e interesseira".
"Duas dessas vítimas passaram por uma horrível provação por mais de uma década, uma terceira, por quase uma década, e a provação resultou, finalmente, em uma garotinha que, acredita-se, tenha nascido de uma dessas mulheres enquanto em cativeiro", lamentou.
"E, também, junto com o cativeiro, houve repetidas surras. Elas foram amarradas e confinadas e abusadas sexualmente; basicamente nunca puderam deixar a casa", completou Murphy.
Castro manteve a cabeça abaixada, impassível, durante quase toda a audiência. A juíza Lauren Moore estabeleceu os termos da fiança em US$ 2 milhões para cada um dos quatro casos e proibiu o réu de ter contato com qualquer uma das vítimas.
Depois da audiência, a defensora pública Kathleen DeMetz disse aos repórteres: "Imagino que o condado vá colocá-lo em uma solitária com uma vigilância contra suicídio e em custódia preventiva para que ninguém tenha acesso a ele".
A imprensa de Cleveland divulgou nesta quinta uma nota que teria sido encontrada pela polícia na casa de Castro. Nela, o agressor se descreve como um "predador sexual" e pensa em se matar, deixando suas economias para suas vítimas.
"Elas estão aqui contra a vontade delas porque cometeram o erro de entrar no carro de um total desconhecido", diz o texto, aparentemente escrito em 2004, quando ele já havia raptado duas das vítimas.
Depois de uma série de vazamentos na imprensa, com a descrição de estupros, surras e abortos forçados, o prefeito de Cleveland, Frank Jackson, pediu aos agentes policiais e aos jornalistas que respeitem a privacidade das vítimas.
O fato de as três jovens terem ficado presas por tanto tempo nessa situação fez com que muitos sugerissem que a polícia de Cleveland tivesse perdido várias chances de encontrá-las. As autoridades policiais defenderam a corporação, destacando todos os passos cuidadosos que Ariel Castro tomou para esconder suas reféns.
Castro tem sido descrito como um vizinho amigável, que levantava poucas suspeitas, interagia pouco e quase nunca recebia pessoas em sua casa. O músico local Ricky Sanchez, que o visitou algumas vezes, disse que não teve qualquer motivo para suspeitar de Castro.
"Deixe-me dizer uma coisa para você. Esse cara é o cara mais bacana, sabe, uma das pessoas mais legais que eu já conheci", contou à AFP.
Sanchez foi à casa de Ariel mais de 17 vezes e, na semana passada, viu uma menina, que seria neta de Ariel Castro. Ele reparou que uma porta tinha vários cadeados e, uma vez, ouviu barulhos vindos do porão.
"Perguntei a ele por um minuto ;o que é isso? que barulho é esse?; ;Ah, são só os cachorros que eu tenho lá embaixo;", completou Ricky Sanchez.