Agência France-Presse
postado em 10/05/2013 11:41
Islamabad - Pelo menos quatro pessoas morreram e 15 ficaram feridas nesta sexta-feira (10/5) em uma explosão em um mercado de uma zona tribal paquistanesa, na véspera das eleições gerais muito importantes para o país. O artefato estava escondido em uma moto estacionada no mercado de Miranshah, perto dos escritórios de candidatos locais às eleições legislativas de sábado, na capital do Waziristão do Norte, reduto tribal dos insurgentes do Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP) e outros grupos ligados à Al-Qaeda.
O ataque não foi reivindicado, mas demonstra a ameaça constante dos talibãs sobre as eleições gerais, as primeiras que permitirão a um governo civil ser sucedido por outra administração civil, ao fim de um mandato de cinco anos. A situação é uma novidade no país, criado em 1947, já que o Paquistão está habituado a longos períodos de governo militar.
Os talibãs aconselharam nesta sexta-feira (10) os paquistaneses "a evitar" os locais de votação nas eleições gerais de sábado caso desejem permanecer "vivos". "A democracia é um sistema não islâmico, um sistema de infiéis. Peço, portanto, à população que evite os locais de votação se não deseja arriscar-se a perder a vida", afirmou o porta-voz dos talibãs paquistaneses, Ehsanullah Ehsan, em uma mensagem recebida pela AFP.
[SAIBAMAIS]O TTP, que considera as legislativas "não islâmicas", reivindicou a maioria dos atentados relacionados com a campanha eleitoral, que deixaram pelo menos 117 mortos, principalmente no noroeste e em Karachi (sul). Segundo um comandante insurgente que pediu anonimato, o líder dos talibãs paquistaneses do TTP, Hakimullah Mehsud, ordenou na quinta-feira (9/5)a execução de atentados suicidas no dia da votação.
Mais de 600 mil trabalhadores das forças de segurança serão mobilizados para proteger os colégios eleitorais. No sábado, mais de 86 milhões de paquistaneses devem comparecer às urnas para escolher os 342 deputados da Assembleia Nacional entre 4.670 candidatos, além de seus representantes nas quatro assembleias provinciais entre 11 mil aspirantes.
Os quase 70 mil locais de votação ficarão abertos de 8h (0h de Brasília) às 17h (9h de Brasília). A campanha eleitoral terminou na quinta-feira (9) com os últimos comícios dos três grandes partidos. A votação é considerada crucial para a consolidação democrática nesta potência nuclear. Os analistas acreditam na vitória da Liga Muçulmana (PML-N, centro-direita) de Nawaz Sharif, um magnata do aço que já foi primeiro-ministro duas vezes. Mas o Movimento pela Justiça (PTI), do astro do críquete Imran Khan, sensação da campanha, aposta em um resultado diferente.
O Partido do Povo Paquistanês (PPP, no poder) passou por um autêntico calvário durante a campanha, em consequência das ameaças dos talibãs, de seu péssimo balanço na segurança e na economia nos últimos cincos anos e pela ausência de um líder. O índice de participação, que foi de 44% nas eleições de 2008, será crucial no sábado.
A comissão eleitoral paquistanesa oferecerá os primeiros resultados no sábado à noite. O vencedor será o que conseguir reunir a coalizão majoritária nas próximas semanas.