Agência France-Presse
postado em 10/05/2013 17:44
HONG KONG - Um exército de varredores e lixeiros mantém as ruas limpas no centro de Hong Kong, mas na periferia, montanhas de resíduos são a prova da crise ambiental denunciada por ativistas e reconhecida pelo próprio governo.
A cidade, uma ex-colônia britânica e atual território chinês, parece bem cuidada, mas seus três enormes depósitos ao ar livre estão abarrotados e a previsão é que superem sua capacidade em 2020, segundo o Departamento de Proteção Ambiental do governo (EPD, na sigla em inglês).
Um dos lixões poderá ficar cheio em um ou dois anos, afirmam alguns. "Temos que ter uma diretriz clara para a redução de resíduos, caso contrário nosso lixo estará nas ruas em sete anos", disse à AFP o cientista ambiental Jonathan Wong, da Universidade Batista de Hong Kong.
13.000 toneladas diárias
A maioria das 13.000 toneladas de lixo que chegam todos os dias aos lixões de Hong Kong são os chamados "resíduos sólidos urbanos" (RSU), gerados em lares, empresas e indústrias.
Com mais de 7 milhões de habitantes, Hong Kong envia diariamente 1,3 quilo de RSU por pessoa aos lixões. A maior parte é "lixo doméstico" de residências e instituições, inclusive escolas, e rejeitos coletados pelos serviços de limpeza pública, de alimentos a móveis.
A geração per capita de resíduos domésticos em Hong Kong é significativamente maior do que em outras cidades asiáticas maiores, como Tóquio, Seul e Taipé.
A atitude das pessoas em relação ao consumo, em parte, é a responsável por este problema. "Hong Kong é uma cidade de ritmo vertiginoso e as pessoas querem estar em dia com as tendências, seja em vestuário ou iPhones", afirmou Angus Ho, diretor executivo da ONG ambientalista Greeners Action. Ho, assim como outros ativistas, também culpa a inércia do governo pelas montanhas de lixo na cidade.
O EPD publicou em 2005 um plano de dez anos para a gestão de resíduos, mas, segundo críticos, não o aplicou. Atualmente desenvolve um novo, que considera "modelo" e espera lançar nas próximas semanas. Hong Kong "vive uma crise de lixo", reconheceu o EPD em declaração à AFP.
O departamento acrescentou que seu plano só pode ser bem sucedido "por meio de ações em várias frentes, que vão da redução dos resíduos na origem até a melhora da recuperação dos rejeitos, além da formação de uma infraestrutura moderna e integral para tratar diferentes tipos de resíduos".
Cobrar pelos resíduos
O governo e os grupos ambientalistas acreditam que a chave para reduzir a quantidade de lixo está em cobrar das residências e das empresas pelos resíduos gerados. Esses sistemas funcionaram bem em Taipé e Seul, asseguram.
Mas os sucessivos governos se mostraram relutantes em assumir os custos de uma política assim. "O governo não quer fazer nada drástico e criativo demais, já que terei problemas no LegCo (Conselho Legislativo de Hong Kong)", disse à AFP Edwin Lau, diretor da filial da ONG Amigos da Terra em Hong Kong. "Existe um marco eficaz. Não é necessário reinventar a roda. Só é preciso fazê-la girar", afirmou.
Lau lembrou como a taxa (de 0,06 dólares) sobre a bolsa de plástico, vigente desde 2009 e que atualmente abarca 3.000 lojas, prova a eficácia de um sistema de cobrança para mudar o comportamento das pessoas.
Segundo o EPD, com a medida reduziu-se em 90% o uso de sacolas plásticas nas lojas. Também há planos para ampliar os depósitos e construir um incinerador, duas propostas impopulares entre moradores e alguns ambientalistas.
Reciclar, reciclar
Além dos projetos em larga escala do governo, há ONGs que trabalham em nível comunitário. A Hong Kong Recicla é uma ONG criada no ano passado, que entrega bolsas reutilizáveis a seus membros para que separem papel, plástico, metal e vidro, e as recolhe uma vez por semana.
Embora alguns blocos de apartamentos já tenham contêineres de reciclagem, eles costumam ser muito pequenos para o número de moradores. "Muita gente em Hong Kong se preocupa com o meio ambiente e quer reciclar, mas não quer caminhar até um centro comunitário", disse o gerente operacional da ONG, Joshua Tan.
O serviço, pelo qual os assinantes pagam US$ 3,00 semanais, já tem 250 clientes cadastrados, incluindo empresas, e há mais na lista de espera, afirmou Tan.
Marc Dambrines, de 39 anos, 17 deles vivendo em Hong Kong, se cadastrou no HK Recicla porque a ONG conseguiu explicar claramente aonde iria o lixo. "É fácil reciclar, mas com frequência não se sabe o que acontece no final do processo", disse.
Embora Hong Kong já recicle perto da metade de seus resíduos, o professor Wong considerou que esta prática deveria ser obrigatória em um plano governamental para reduzir o esbanjamento.
"O governo e as pessoas devem se unir para enfrentar a crise", disse. Mas para muitos em Hong Kong, os resíduos não são uma prioridade. "A maioria das pessoas não se preocupa com isso", disse Ophelia, dona de casa de 40 anos, que acredita que cobrar pelo lixo pode fazer a diferença. Os chineses prestam muita atenção no dinheiro. Se cobrarem por algo, vamos ter mais cuidado", concluiu.
A cidade, uma ex-colônia britânica e atual território chinês, parece bem cuidada, mas seus três enormes depósitos ao ar livre estão abarrotados e a previsão é que superem sua capacidade em 2020, segundo o Departamento de Proteção Ambiental do governo (EPD, na sigla em inglês).
Um dos lixões poderá ficar cheio em um ou dois anos, afirmam alguns. "Temos que ter uma diretriz clara para a redução de resíduos, caso contrário nosso lixo estará nas ruas em sete anos", disse à AFP o cientista ambiental Jonathan Wong, da Universidade Batista de Hong Kong.
13.000 toneladas diárias
A maioria das 13.000 toneladas de lixo que chegam todos os dias aos lixões de Hong Kong são os chamados "resíduos sólidos urbanos" (RSU), gerados em lares, empresas e indústrias.
Com mais de 7 milhões de habitantes, Hong Kong envia diariamente 1,3 quilo de RSU por pessoa aos lixões. A maior parte é "lixo doméstico" de residências e instituições, inclusive escolas, e rejeitos coletados pelos serviços de limpeza pública, de alimentos a móveis.
A geração per capita de resíduos domésticos em Hong Kong é significativamente maior do que em outras cidades asiáticas maiores, como Tóquio, Seul e Taipé.
A atitude das pessoas em relação ao consumo, em parte, é a responsável por este problema. "Hong Kong é uma cidade de ritmo vertiginoso e as pessoas querem estar em dia com as tendências, seja em vestuário ou iPhones", afirmou Angus Ho, diretor executivo da ONG ambientalista Greeners Action. Ho, assim como outros ativistas, também culpa a inércia do governo pelas montanhas de lixo na cidade.
O EPD publicou em 2005 um plano de dez anos para a gestão de resíduos, mas, segundo críticos, não o aplicou. Atualmente desenvolve um novo, que considera "modelo" e espera lançar nas próximas semanas. Hong Kong "vive uma crise de lixo", reconheceu o EPD em declaração à AFP.
O departamento acrescentou que seu plano só pode ser bem sucedido "por meio de ações em várias frentes, que vão da redução dos resíduos na origem até a melhora da recuperação dos rejeitos, além da formação de uma infraestrutura moderna e integral para tratar diferentes tipos de resíduos".
Cobrar pelos resíduos
O governo e os grupos ambientalistas acreditam que a chave para reduzir a quantidade de lixo está em cobrar das residências e das empresas pelos resíduos gerados. Esses sistemas funcionaram bem em Taipé e Seul, asseguram.
Mas os sucessivos governos se mostraram relutantes em assumir os custos de uma política assim. "O governo não quer fazer nada drástico e criativo demais, já que terei problemas no LegCo (Conselho Legislativo de Hong Kong)", disse à AFP Edwin Lau, diretor da filial da ONG Amigos da Terra em Hong Kong. "Existe um marco eficaz. Não é necessário reinventar a roda. Só é preciso fazê-la girar", afirmou.
Lau lembrou como a taxa (de 0,06 dólares) sobre a bolsa de plástico, vigente desde 2009 e que atualmente abarca 3.000 lojas, prova a eficácia de um sistema de cobrança para mudar o comportamento das pessoas.
Segundo o EPD, com a medida reduziu-se em 90% o uso de sacolas plásticas nas lojas. Também há planos para ampliar os depósitos e construir um incinerador, duas propostas impopulares entre moradores e alguns ambientalistas.
Reciclar, reciclar
Além dos projetos em larga escala do governo, há ONGs que trabalham em nível comunitário. A Hong Kong Recicla é uma ONG criada no ano passado, que entrega bolsas reutilizáveis a seus membros para que separem papel, plástico, metal e vidro, e as recolhe uma vez por semana.
Embora alguns blocos de apartamentos já tenham contêineres de reciclagem, eles costumam ser muito pequenos para o número de moradores. "Muita gente em Hong Kong se preocupa com o meio ambiente e quer reciclar, mas não quer caminhar até um centro comunitário", disse o gerente operacional da ONG, Joshua Tan.
O serviço, pelo qual os assinantes pagam US$ 3,00 semanais, já tem 250 clientes cadastrados, incluindo empresas, e há mais na lista de espera, afirmou Tan.
Marc Dambrines, de 39 anos, 17 deles vivendo em Hong Kong, se cadastrou no HK Recicla porque a ONG conseguiu explicar claramente aonde iria o lixo. "É fácil reciclar, mas com frequência não se sabe o que acontece no final do processo", disse.
Embora Hong Kong já recicle perto da metade de seus resíduos, o professor Wong considerou que esta prática deveria ser obrigatória em um plano governamental para reduzir o esbanjamento.
"O governo e as pessoas devem se unir para enfrentar a crise", disse. Mas para muitos em Hong Kong, os resíduos não são uma prioridade. "A maioria das pessoas não se preocupa com isso", disse Ophelia, dona de casa de 40 anos, que acredita que cobrar pelo lixo pode fazer a diferença. Os chineses prestam muita atenção no dinheiro. Se cobrarem por algo, vamos ter mais cuidado", concluiu.