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Ex-primeiro-ministro está disposto a formar novo governo no Paquistão

O retorno ao poder deste ex-primeiro-ministro de 63 anos deposto por golpe de Estado de Pervez Musharraf em 1999 ainda deve ser confirmado oficialmente pela comissão eleitoral

Agência France-Presse
postado em 12/05/2013 11:26
Paquistão - O ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif se dispôs neste domingo (12/5) a formar um novo governo de coalizão após a vitória de seu partido nas eleições de sábado, marcadas por uma forte participação e alguns atentados.


O retorno ao poder deste ex-primeiro-ministro de 63 anos deposto por golpe de Estado de Pervez Musharraf em 1999 ainda deve ser confirmado oficialmente pela comissão eleitoral, mas os resultados parciais davam sua vitória como certa.

Seu principal adversário, o Movimento para a Justiça (PTI) do ex-astro do críquete Imran Khan, que ganhou o apoio de muitos jovens e da classe média após prometer pôr fim à corrupção do país, reconheceu sua derrota a nível nacional.

O Partido do Povo Paquistanês (PPP) que liderou a coalizão no poder há cinco anos, sofreu um duro revés a ponto de ser praticamente eliminado do mapa político do país, exceto em seu bastião da província de Sinud.

O presidente afegão, Hamid Karzai, pediu neste domingo ao próximo governo a ajudar a negociar com os talibãs pelo fim da rebelião que assola seu país desde 2001. O Paquistão também enfrenta problemas com os talibãs em casa.

"Esperamos que o governo trace o caminho para a paz e a fraternidade com o Afeganistão e coopere na luta contra o terrorismo e o desmantelamento dos santuários terroristas", acrescentou.

As eleições foram consideradas históricas já que permitirão um governo civil entregar o governo a outro depois de um mandato de cinco anos, uma novidade neste país criado em 1947 e com uma história marcada por golpes de Estado. A participação nas eleições foi próxima a 60%, anunciou no sábado à noite a comissão eleitoral.

Trata-se da participação mais alta desde 1977, segundo autoridades eleitorais. Nas últimas eleições de 2008, a participação tinha sido do 44%.

Mais de 86 milhões de pessoas estavam habilitadas a votar para escolher 342 deputados e representantes em quatro assembleias provinciais.

Segundo projeções dos canais de televisão, a Liga Muçulmana (PML-N) de Sharif obteve uma ampla vantagem sobre o PTI (Movimento pela Justiça) de Imran Khan e o PPP da família Bhutto.

Depois de serem apurados mais da metade dos votos, os canais de televisão paquistaneses indicaram que o partido de Sharif obteria mais de 115 cadeiras em 272. Cerca de 30 iriam para o PTI e outras para o PPP.

A PML-N não alcançou, portanto, a maioria absoluta e deverá entrar em negociações com os outros partidos para formar uma coalizão.

"Temos que agradecer a Deus por ter dado ao PML-N outra oportunidade de servir ao Paquistão", disse Sharif. "Convido a todos os partidos a se sentar comigo em uma mesa para resolver os problemas do país", declarou.

"O tigre ruge de novo", destacava no domingo o jornal Dawn, fazendo referência ao felino que aparece nos cartazes eleitorais do partido de Sharif.

A posse de Sharif pela terceira vez como primeiro-ministro constituirá um recorde no Paquistão, depois de ter ocupado o cargo entre 1990 e 1993, até ser derrubado por acusações de corrupção, e entre 1997 e 1999, quando foi destituído pelo golpe de Estado militar de Musharraf.

Em seus editoriais os jornais destacavam a grande participação popular, apesar da ameaça de ataques. Mais de 130 pessoas morreram durante a campanha eleitoral, considerada pelos observadores como a mais mortífera da história do país, em episódios violentos reivindicados em grande parte pelo Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP) opostos ao processo democrático que consideram "não-islâmico".

Os ataques foram de magnitude limitada no sábado, apesar de deixarem 26 mortos. Os talibãs do TTP reivindicaram um atentado contra um partido laico que deixou 12 mortos e dezenas de feridos em Karachi (sul).

À noite, um atentado suicida matou dois paramilitares. Houve outros ataques na instável província de Balutchistan (sudoeste) e no noroeste, bastião do TTP.

Sharif e Imran Khan defenderam a ideia de diálogo com os talibãs para tentar pôr fim à violência e criticaram os disparos de drones norte-americanos contra os islamitas no noroeste do país, mas nenhum dos dois informou como fariam para obter a paz sem desagradar Washington, principal sócio do país.

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