O partido conservador búlgaro GERB do ex-primeiro-ministro Boiko Borissov, que foi obrigado a renunciar em fevereiro sob pressão de manifestações, conseguiu uma leve vantagem nas eleições legislativas antecipadas deste domingo, segundo várias pesquisas de boca de urna.
O partido de Borissov obteve entre 30,3% e 33% dos votos, enquanto seu principal rival, o partido socialista (PSB, ex-comunista) conseguiu entre 25,3% e 27,1%, de acordo com cinco pesquisas.
É a primeira vez, desde a queda do regime comunista há 23 anos, que um partido é reeleito na Bulgária. Contudo, esta vitória não lhe concede maioria parlamentar e terão dificuldades para formar um governo já que as possibilidades de coalizão são limitadas. A comissão eleitoral anunciará os resultados parciais na segunda-feira de manhã.
[SAIBAMAIS]Outros dois partidos obtiveram 4% dos votos, porcentagem necessária para ingressar no parlamento, o Movimento pelos Direitos e Liberdades (MDL, minoria muçulmana), que obteve cerca de 10% dos votos, e o partido nacionalista e xenófobo Ataka, que conseguiu entre 7,3% e 8,5%, segundo as pesquisas.
O Ataka apoiou, durante um tempo, Boiko Borissov, após a formação de um governo minoritário em 2009, mas este domingo seu líder, Volen Siderov, excluiu claramente essa opção.
Por outro lado, uma coalizão entre os dois inimigos jurados, o GERB e os socialistas, é pouco provável. "Há um grande perigo de bloqueio no parlamento", defendeu Ognian Mintchev, diretor do Instituto de Estudos Regionais e Internacionais.
"Amanhã saberemos com mais exatidão, depois da contagem dos votos dos búlgaros que vivem no exterior, que partido obterá o quinto lugar. Os principais partidos da oposição - PSB e MDL - poderiam obter juntos menos de 120 votos.
Os socialistas e o MDL governaram juntos de 2005 a 2009, sob a direção de Serguei Stanichev, líder do PSB. A campanha eleitoral, longe de responder às expectativas da população, se centrou em um ajuste de contas entre socialistas e conservadores por um escândalo de escutas ilegais.
A decepção da população se traduziu em uma inesperada queda da participação - pouco mais de 50% dos 6,9 milhões de eleitores votaram, segundo as pesquisas, contra 60,2% há quatro anos.
Se após as eleições nenhum governo for formado, o gabinete interino dirigido pelo diplomata Marin Raykov permanecerá no poder até as novas eleições no outono, um cenário esperado por numerosos cientistas políticos em Sófia.
Alguns deles não descartam a possibilidade de uma nova crise social, como a do inverno, em que milhares de búlgaros foram às ruas protestar pelo aumento dos preços das contas de luz, que duplicou em janeiro.
O movimento espontâneo se transformou, sob a influência de múltiplos grupos da sociedade civil, em uma ampla mobilização contra a miséria crônica - a Bulgária é o membro mais pobre da União Europeia -, o desemprego e a corrupção.
Com mais de 120 observadores, a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) enviou sua maior missão ao país desde as primeiras eleições livres em 1990, após o final do regime comunista.
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