Agência France-Presse
postado em 14/05/2013 17:32
BEIRUTE - Um vídeo mostrando um rebelde sírio eviscerando um soldado e fingindo morder seus órgãos suscitou nesta terça-feira (14/5) uma onda de condenações, com o homem apresentando seu ato como uma vingança contra os abusos do regime.
Consultado via Skype pela revista americana Time, o rebelde, identificado como Khalid al-Hamad, afirma que fez isso depois de ter visto no telefone celular do soldado morto vídeos mostrando este humilhando uma mulher nua e seus dois filhos.
O insurgente diz em seguida ter um outro vídeo mostrando o mesmo homem prestes a cometer outras atrocidades, que são cada vez mais frequentes na guerra entre as tropas do regime de Bashar al-Assad e a rebelião. "Cortei um ;shabiha; (miliciano pró-regime) com uma serra. Utilizamos a serra para cortar árvores. Eu o cortei em pedaços pequenos e grandes", disse ele nesta entrevista divulgada pela Time.
Nas imagens que provocaram indignação, até na oposição síria, ele arranca o coração e o fígado do soldado antes de dizer: "Juramos diante de Deus que comeremos seus corações e seus fígados, soldados de Bashar, o cão".
Segundo a Human Rights Watch (HRW), o vídeo mostra "um comandante da brigada rebelde Omar al-Farouq" do Exército Sírio Livre (ESL), principal integrante da oposição armada.
"Oh heróis de Baba Amr, massacrem os alauitas e cortem seus corações para comê-los", acrescenta no vídeo este sunita, como a grande maioria dos insurgentes, referindo-se à minoria pertencente ao ramo do xiismo ao qual pertence Assad. Ele reafirma à Time o que havia afirmado: "Vamos massacrar todos".
"São eles que mataram nossos filhos em Baba Amr e estupraram nossas mulheres", acusa, fazendo referência a um bairro que se transformou em símbolo da cidade de Homs (centro), tomada pelo Exército após uma sangrenta ofensiva.
[SAIBAMAIS] Crime de guerra
"Não fomos nós que começamos, foram eles que começaram", acrescenta. "É olho por olho, dente por dente", afirma o homem, que tem como nome de guerra Abu Sakkar.
Antes da publicação desta entrevista, a Coalizão Nacional Opositora Síria denunciou "um ato horrível e desumano", ressaltando que "condena este ato, se ele for confirmado". Ela ressaltou que atitudes como essa "contradizem os valores morais do povo sírio, assim com os valores e princípios do ESL", prometendo que os culpados serão julgados.
Mas essas declarações não convenceram a HRW. "Não basta que a oposição síria condene este tipo de comportamento ou atribua a culpa da violência ao governo", disse Nadim Houry, vice-diretor da HRW para o Oriente Médio.
Em Genebra, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, lembrou que "mutilar ou profanar cadáveres durante um conflito constitui um crime de guerra". Ela pediu novamente que se recorra ao Tribunal Penal Internacional "para que processos judiciais possam ser abertos contra os supostos responsáveis por (...) crimes de guerra e contra a Humanidade, seja por parte do governo ou da oposição".
Desde o início de uma revolta popular, em março de 2001, que se transformou em guerra civil, vídeos mostrando abusos das partes em conflito se multiplicaram, com regime e rebeldes trocando acusações.
Nesta terça-feira (14/5), o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) denunciou a execução a tiros em uma das praças de Raqqa (leste) de três pessoas apresentadas como oficiais do Exército "condenados à morte" pelo grupo jihadista rebelde Al-Nosra. O conflito na Síria já deixou mais de 94.000 mortos, de acordo com essa ONG.
Consultado via Skype pela revista americana Time, o rebelde, identificado como Khalid al-Hamad, afirma que fez isso depois de ter visto no telefone celular do soldado morto vídeos mostrando este humilhando uma mulher nua e seus dois filhos.
O insurgente diz em seguida ter um outro vídeo mostrando o mesmo homem prestes a cometer outras atrocidades, que são cada vez mais frequentes na guerra entre as tropas do regime de Bashar al-Assad e a rebelião. "Cortei um ;shabiha; (miliciano pró-regime) com uma serra. Utilizamos a serra para cortar árvores. Eu o cortei em pedaços pequenos e grandes", disse ele nesta entrevista divulgada pela Time.
Nas imagens que provocaram indignação, até na oposição síria, ele arranca o coração e o fígado do soldado antes de dizer: "Juramos diante de Deus que comeremos seus corações e seus fígados, soldados de Bashar, o cão".
Segundo a Human Rights Watch (HRW), o vídeo mostra "um comandante da brigada rebelde Omar al-Farouq" do Exército Sírio Livre (ESL), principal integrante da oposição armada.
"Oh heróis de Baba Amr, massacrem os alauitas e cortem seus corações para comê-los", acrescenta no vídeo este sunita, como a grande maioria dos insurgentes, referindo-se à minoria pertencente ao ramo do xiismo ao qual pertence Assad. Ele reafirma à Time o que havia afirmado: "Vamos massacrar todos".
"São eles que mataram nossos filhos em Baba Amr e estupraram nossas mulheres", acusa, fazendo referência a um bairro que se transformou em símbolo da cidade de Homs (centro), tomada pelo Exército após uma sangrenta ofensiva.
[SAIBAMAIS] Crime de guerra
"Não fomos nós que começamos, foram eles que começaram", acrescenta. "É olho por olho, dente por dente", afirma o homem, que tem como nome de guerra Abu Sakkar.
Antes da publicação desta entrevista, a Coalizão Nacional Opositora Síria denunciou "um ato horrível e desumano", ressaltando que "condena este ato, se ele for confirmado". Ela ressaltou que atitudes como essa "contradizem os valores morais do povo sírio, assim com os valores e princípios do ESL", prometendo que os culpados serão julgados.
Mas essas declarações não convenceram a HRW. "Não basta que a oposição síria condene este tipo de comportamento ou atribua a culpa da violência ao governo", disse Nadim Houry, vice-diretor da HRW para o Oriente Médio.
Em Genebra, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, lembrou que "mutilar ou profanar cadáveres durante um conflito constitui um crime de guerra". Ela pediu novamente que se recorra ao Tribunal Penal Internacional "para que processos judiciais possam ser abertos contra os supostos responsáveis por (...) crimes de guerra e contra a Humanidade, seja por parte do governo ou da oposição".
Desde o início de uma revolta popular, em março de 2001, que se transformou em guerra civil, vídeos mostrando abusos das partes em conflito se multiplicaram, com regime e rebeldes trocando acusações.
Nesta terça-feira (14/5), o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) denunciou a execução a tiros em uma das praças de Raqqa (leste) de três pessoas apresentadas como oficiais do Exército "condenados à morte" pelo grupo jihadista rebelde Al-Nosra. O conflito na Síria já deixou mais de 94.000 mortos, de acordo com essa ONG.