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AIEA anuncia fracasso de reunião com Irã sobre programa nuclear

O Irã não permitiu que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tenha maior acesso às instalações nucleares do país

Agência France-Presse
postado em 15/05/2013 14:29
Viena - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou o fracasso em Viena de uma reunião com o Irã, pouco antes de outro encontro em Istambul entre representantes de Teerã e a chefe da diplomacia da União Europeia, também dedicado ao programa nuclear iraniano.

"Não conseguimos concluir o documento que vínhamos negociando há um ano e meio", declarou o chefe dos inspetores da AIEA, Herman Nackaerts. A AIEA procurava obter um acesso maior às instalações nucleares, documentos ou indivíduos para determinar se o Irã tentou desenvolver uma bomba nuclear.

A AIEA procura examinar as perguntas suscitadas pelo relatório de novembro de 2011, no qual a agência compilou vários elementos críveis que pareciam indicar que o Irã trabalhou na produção de uma bomba atômica antes de 2003, e possivelmente também depois, algo desmentido por Teerã.

Duas reuniões sobre o controverso programa nuclear do Irã estavam previstas para esta quarta-feira, uma em Viena e outra em Istambul, com poucas expectativas de avanços no tema, a um mês das eleições presidenciais iranianas. A representante da diplomacia europeia, Catherine Ashton, deve se reunir na noite desta quarta-feira em Istambul com o negociador nuclear iraniano, Said Jalili, pela primeira vez desde o fracasso, em abril, de negociações com as grandes potências no Cazaquistão.



Naquela oportunidade, o Irã e as grandes potências não alcançaram avanços nas negociações. As posições de ambas as partes seguiam "muito afastadas" após dois dias de intensas negociações no Cazaquistão, segundo Ashton. Jalili também havia reconhecido "uma certa distância entre as posições de ambas as partes" após as negociações em Almaty, maior cidade do Cazaquistão, na Ásia Central.

O negociador chefe iraniano havia insistido no reconhecimento internacional do direito do Irã de enriquecer urânio, o principal ponto no qual o grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) exige que Teerã faça concessões, em troca de uma promessa de abrandamento das sanções do Irã por seu programa nuclear.

Especialistas ocidentais consideram que a realização no dia 14 de junho de eleições presidenciais no Irã - nas quais o conservador Jalili é um dos candidatos - parece condenar as consultas desta quarta-feira ao fracasso. "Está claro que nenhum progresso é possível nas negociações antes das eleições" presidenciais no Irã, considera o analista do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres Mark Fitzpatrick.

"Para progredir, seriam necessárias concessões do lado iraniano, o que saria argumentos para ataques políticos e (acusações) de traição" contra quem realizar estas concessões, acrescentou. No entanto, o porta-voz do chanceler iraniano afirmou que, "se o grupo 5%2b1 prefere esperar até depois das eleições no Irã, será por decisão própria. Mas, em nosso ponto de vista, as negociações podem prosseguir normalmente", acrescentou.

As grandes potências suspeitam que a República Islâmica quer se dotar de armas atômicas, alegando um programa civil. A ONU e as potências ocidentais impuseram ao Irã uma série de sanções. Teerã desmente as acusações sobre um possível uso militar de seu programa nuclear e afirma que enriquece urânio para produzir eletricidade e isótopos médicos, utilizados para diagnosticar alguns tipos de câncer.

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