Mundo

Exército sírio entra no centro de Quseir, reduto dos rebeldes

"O exército sírio controla a principal praça de Quseir no centro da cidade, assim como os edifícios próximos, incluindo o do governo municipal, onde os soldados hastearam uma bandeira síria", afirmou a fonte

Agência France-Presse
postado em 19/05/2013 10:34
Damasco - As tropas sírias entraram neste domingo no centro de Quseir, reduto dos rebeldes na província de Homs (centro), e tomaram o controle da principal praça e do edifício do governo municipal, anunciou uma fonte militar.

"O exército sírio controla a principal praça de Quseir no centro da cidade, assim como os edifícios próximos, incluindo o do governo municipal, onde os soldados hastearam uma bandeira síria", afirmou a fonte, que pediu anonimato.

"Nossas corajosas tropas restauraram a segurança e a estabilidade no município de Quseir e continuam a busca de terroristas na cidade", anunciou a televisão estatal.

O regime sírio utiliza o termo "terrorista" em referência aos rebeldes que lutam contra o governo de Bashar al-Assad.

O exército sírio, apoiado, pelo poderoso partido xiita libanês Hezbollah, iniciou neste domingo uma ofensiva contra Quseir, que está sob controle dos rebeldes há mais de um ano.

Pelo menos 20 homens, incluindo 11 rebeldes, morreram horas antes em intensos bombardeio aéreo e terrestre do exército contra Quseir, em ataques que prepararam a ofensiva para controlar Quseir.

O exército sírio, apoiado pelo poderoso partido xiita libanês Hezbollah, entrou neste domingo no centro de Quseir, reduto dos rebeldes na província de Homs (centro), um dia depois do presidente Bashar al-Assad ter reafirmado que não pensa em abandonar o poder.

[SAIBAMAIS]

A oposição denunciou o ataque "brutal e destrutivo" da cidade de Quseir e advertiu que a ofensiva pode "tirar o sentido" da conferência de paz proposta por Washington e Moscou.

"O exército sírio controla a principal praça de Quseir no centro da cidade, assim como os edifícios próximos, incluindo o do governo municipal, onde os soldados hastearam uma bandeira síria", afirmou uma fonte militar.

"Se o exército conseguir tomar o controle de Quseir, toda a província de Homs cairá nas mãos do regime", afirmou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ONG que tem uma ampla rede de militantes, além de fontes médicas e militares.

O ataque terrestre teve início neste domingo, depois de uma série de ataques aéreos e disparos de morteiro que deixaram pelo menos 30 mortos, incluindo uma mulher e 16 rebeldes.

Pouco depois aconteceram confrontos violentos nos acessos de entrada da cidade, defendidos pelos rebeldes ante os tanques do exército e os combatentes do Hezbollah xiita.

Os combatentes do Hezbollah, aliado do regime de Bashar al-Assad, "desempenham um papel central na batalha", destacou Abdel Rahman.

Há várias semanas, o exército, com o Hezbollah e milicianos leais ao regime, tentam tomar Quseir, reduto rebelde do centro do país que resiste há mais de um ano. Várias localidades ao redor da cidade já foram retomadas pelas forças do governo.

Quseir é considerada uma cidade estratégica por ficar entre a capital e a costa mediterrânea. Além disso, fica perto da fronteira libanesa.

"Apagar a cidade do mapa"

A Liga Árabe convocou uma reunião de urgência a pedido do opositor Conselho Nacional Sírio (CNS), que exige "o fim do massacre de Quseir".

O CNS, principal coalizão da oposição, denunciou o "bombardeio brutal e destrutivo" de Quseir, assim como as "tentativas de invadir e apagar a cidade e seus habitantes do mapa pelas forças do Hezbollah".

"Afirmamos aos países que trabalham para encontrar uma solução política ao conflito sírio que ignorar esta invasão provocará a perda de todo sentido de qualquer conferência e de qualquer esforço de paz", advertiu o CNS em um comunicado.

Para tentar resolver o conflito, a comunidade internacional tenta organizar, em junho em Genebra, uma conferência de paz que reúna as grandes potências, os países árabes, a oposição e o regime de Damasco.

A conferência deve estar baseada na declaração de Genebra assinada pelas grandes potências em junho de 2012 e que prevê o fim da violência, assim como um governo de transição, mas sem fazer referência ao destino de Assad, principal ponto de discórdia entre russos e americanos.

Moscou, grande aliado de Damasco e a quem fornece armas, defende a manutenção de Assad até a celebração de eleições, enquanto Washington reclamou em várias ocasiões a sua saída, algo que a oposição considera uma condição imprescindível para qualquer iniciativa de paz.

Mas em uma entrevista concedida à agência estatal de notícias argentina Télam e ao jornal Clarín, Bashar al-Assad insistiu na recusa a deixar o poder antes do fim de seu mandato em 2014 e deu a entender que será candidato no próximo ano.

"Renunciar seria fugir", declarou Assad, antes de destacar que "quem deve sair e quem deve permanecer será determinado pelo povo sírio nas eleições presidenciais de 2014".

No campo de batalha, o exército sírio também avança em outras frentes. Segundo o OSDH, as tropas do regime tomaram o controle de Halfaya, na província de Hama.

Leia mais notícias em Mundo

A televisão estatal anunciou que os militares mataram "vários terroristas da Frente Al-Nosra em Halfaya" e destruíram armas.

Em Damasco, uma fonte militar disse que as tropas do regime avançavam no bairro norte de Barzeh.

Segundo o OSDH, 94.000 pessoas morreram no conflito, que começou em março de 2011 como uma revolta pacífica contra o regime, antes de virar uma guerra civil.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação