Mundo

Líderes alertam para risco de guerra por água na Ásia-Pacífico

Os esforços regionais para garantir o acesso à água, tanto no centro quanto no sudeste asiático, provocam tensões entre vizinhos que dependem dos rios para alimentar uma população em pleno crescimento

Agência France-Presse
postado em 20/05/2013 19:58
Tailândia - A crescente competição pela água pode provocar um conflito se os países não compartilharem este bem cada vez mais escasso, alertaram os líderes dos países da região Ásia-Pacífico. Os esforços regionais para garantir o acesso à água, tanto no centro quanto no sudeste asiático, provocam tensões entre vizinhos que dependem dos rios para alimentar uma população em pleno crescimento.

A urbanização vertiginosa, a mudança climática e a crescente demanda da agricultura aumentam a pressão sobre este bem cada dia mais escasso, enquanto a maioria das pessoas da região não têm acesso à água potável, apesar do forte crescimento econômico registrado nos últimos anos.

"Pode acontecer uma guerra pelos recursos", disse a primeira-ministra tailandesa Yingluck Shinawatra, na reunião da Água Ásia-Pacífico, realizada na cidade tailandesa de Chiang Mai. "Nenhum país desta região pode enfrentar esses desafios sozinho", disse, ressaltando que este tipo de fórum é o caminho para que os países saciem sua sede de forma pacífica.

Contudo, uma empresa tailandesa está por trás da construção de uma polêmica represa no rio Mekong, em Lagos, um projeto criticado por dois países afetados, Vietnã e Camboja, que temem os efeitos sobre suas indústrias agrícola e pesqueira.

Os delegados aprovaram a "Declaração de Chiang Mai", na qual defendem a construção de uma resistência regional para prevenir os desastres naturais, compartilhar os conhecimentos técnicos na gestão dos recursos e colocar a segurança hídrica como destaque na agenda.

Os países asiáticos precisam investir cerca de 380 bilhões de dólares nos sistemas de água e saneamento até 2020 se querem garantir este recurso, disse o sultão de Brunei Hasanal Bolkiah no fórum. Esta "garantia vital" é o plano de fundo de uma competição que "poderia gerar disputas internacionais", alertou.

Entre Uzbequistão e seus vizinhos Tadjiquistão e Quirguistão já há um problema deste tipo, por causa do plano de construção de duas das maiores usinas hidroelétricas do mundo.



O presidente do Tadjiquistão, Emomali Rakhmon, defendeu no fórum domingo o direito de seu país de explorar seus recursos naturais e defendeu uma "solução pacífica" para esta divergência.

A primeira-ministra de Bangladesh, a xeque Hasina falou do tratado entre Bangladesh e Índia para compartilhar as águas do Ganges como um exemplo de uma diplomacia bem-sucedida. "Apenas uma gestão razoável do acesso à água evitará conflitos", disse, antes de acrescentar que 30 milhões de pessoas em seu país estão em perigo com o aumento do nível do mar.

O Banco de Desenvolvimento Asiático alertou no mês passado que cerca de dois terços da população da região Ásia-Pacífico carecem de canalizações e de água potável, apesar do forte crescimento da região, culpando a má gestão e a falta de investimentos em infraestrutura.

A mudança climática e o dano ecológico também representam ameaças imprevisíveis ao fornecimento de água na região, pois as geleiras que alimentam os rios estão diminuindo e os rios ficam cheios de lixo.

A região tem que cooperar para enfrentar essa "nova realidade", disse o presidente georgiano Mijaíl Saakashvili. "Acontecem coisas que nunca tinham acontecido" devido à mudança climática, alertou. "Não há lugar para conflitos", afirmou.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação