Londres - O primeiro-ministro britânico David Cameron considerou nesta quinta-feira (23/5) o assassinato de um soldado na quarta-feira 922/5) a plena luz do dia em Londres por dois supostos jihadistas um ataque contra o Reino Unido e uma "traição ao Islã", insistindo que o extremismo será "vencido".
"Nós perdemos um bravo soldado", declarou à imprensa o primeiro-ministro após uma reunião ministerial de crise sobre o caso. "Isto não foi apenas um ataque contra o Reino Unido e o estilo de vida britânico. Foi também uma traição ao Islã e às comunidades muçulmanas que tanto contribuem a nosso país", declarou o chefe de Governo britânico na residência oficial de Downing Street.
"Nós iremos vencer o extremismo violento permanecendo unidos", assegurou. Desde quarta-feira à noite, Downing Street reforçou a segurança no quartel de Woolwich, bairro do sudoeste de Londres onde aconteceu a morte, assim como em todos os quartéis da capital.
O comitê de crise COBRA (acrônimo de Cabinet office Briefing Room A) reuniu o primeiro-ministro, os ministros do Interior, Theresa May, e da Defesa, Philip Hammond, o prefeito de Londres, Boris Johnson, os chefes dos serviços secreto interno MI5 e externo MI6, o chefe da Scotland Yard e especialistas em segurança.
[SAIBAMAIS]As discussões giraram em torno "da coesão das comunidades". A "força e unidade" da condenação dos fatos pela comunidade muçulmana foram elogiadas pelos ministros, segundo o gabinete do primeiro-ministro. "Foi um ato bárbaro que não há nada no Islã que justifique e nós o condenamos sem reservas", declarou o conselho muçulmano britânico, que reúne mais de 500 associações e fundações muçulmanas e mesquitas. O conselho fez um apelo "à calma e à unidade das comunidades".
"A responsabilidade recai única e simplesmente nos repugnantes indivíduos que executaram este horroroso ataque", considerou, por sua vez, o prefeito de Londres. Várias fontes citadas pela imprensa britânica afirmaram que os autores do crime era conhecidos dos serviços de segurança, uma hipótese que David Cameron não quis comentar.
Citando um islamita conhecido, Anjem Choudary, que era o braço-direito de Omar Bakri na organização radical Al Muhajiroun, meios de comunicação identificaram o agressor como sendo Michael Adebolajo, um jovem de 28 anos.
Choudary afirmou que conhecia o homem sob o pseudônimo de "Mujahid" e que é um britânico de origem nigeriana convertido ao Islã em 2003. Ele teria parado de frequentar o grupo extremista há dois anos.
A polícia informou ter realizado buscas nesta manhã em um casa em Lincolnshire, no noroeste da Inglaterra. A imprensa indicou outras buscas em Greenwich.
Flores e mensagens de condolências foram deixadas no local do assassinato do soldado.
Quarta-feira à tarde, dois homens apunhalaram um soldado com roupas civis em uma rua do sudeste de Londres, armados com facas de cozinha e um cutelo.
Os dois permaneceram no local do crime e pediram aos pedestres, incluindo crianças, que fotografassem ou filmassem a vítima, que estava no chão.
O canal ITV exibiu imagens filmadas por uma testemunha de um dos criminosos. Ele dizia: "Juramos por Alá todo-poderoso que nunca deixaremos de combatê-los" e "a única razão para matar este homem, é porque os muçulmanos são mortos todos os dias por soldados britânicos".
"Devemos combatê-los como eles nos combatem. Olho por olho, dente por dente", disse, com as mãos cobertas de sangue, enquanto a vítima jazia poucos metros na rua.
Uma mãe de família de 48 anos foi elogiada pela imprensa britânica e pelo primeiro-ministro por ter tido a coragem de enfrentar os assassinos e abrir um diálogo com um deles.
Para vários especialistas britânicos, este foi um ato isolado cometido por "lobos solitários" doutrinados em fóruns na internet que difundem os vídeos sangrentos de decapitações e execuções na Síria, Afeganistão e Iraque por grupos islamitas partidários da ideologia radical da Al-Qaeda.