Agência France-Presse
postado em 23/05/2013 19:55
Estados Unidos - Chuvas torrenciais castigavam a cidade de Moore, nesta quinta-feira (23/5), no subúrbio de Oklahoma City, complicando as operações de remoção dos escombros três dias depois que um potente tornado matou 24 pessoas e destruiu 1.200 casas nessa localidade no centro-sul dos EUA.
Entre as vítimas fatais do tornado, um dos mais destrutivos dos últimos anos nos Estados Unidos com rajadas acima de 320 km/h, estão oito crianças que ficaram presas em uma escola primária que desabou, e dois bebês. "Esperamos e rezamos para que esses números sejam definitivos e que não subam mais", disse a governadora de Oklahoma, Mary Fallin, em entrevista coletiva em Moore depois da confirmação do último balanço de 377 feridos e da revisão para baixo do número de casas atingidas.
Segundo a previsão meteorológica, a chuva continuaria a cair ao longo do dia sobre Moore. As inundações em algumas ruas aumentavam a dificuldade de circulação dos veículos de emergência e limpeza, além de atrapalhar os moradores que, na véspera, haviam começado a revirar o que sobrou das casas, em busca de objetos pessoais. "Com esses raios, não pudemos subir hoje de manhã no telhado para cobri-lo com uma lona. Não queríamos estar em uma escada deixado da tromba d;água", disse Lane Yeager, proprietário de uma empresa de construção. "Essas pessoas sobreviveram ao tornado, mas agora a chuva vai destruir o que lhes restou", lamentou.
A agência de resposta a emergências de Oklahoma informou que 1.200 casas foram danificadas, e mais de 33.000 pessoas foram afetadas nessa comunidade, que conserva a lembrança de um tornado ainda pior que deixou mais de 40 mortos em maio de 1999.
O Senado de Oklahoma já aprovou 45 milhões de dólares em ajuda, mas os danos podem chegar a até US$ 2 bilhões, duplicando os prejuízos causados pelo tornado de 1999, declarou à CNN o diretor do Departamento de Seguros do Estado, John Doak, que disse já ter recebido 4.000 declarações de acidentes.
Mais de 75% dos tornados no mundo acontecem nos EUA e, mais especificamente, no estado de Oklahoma, situado no chamado "Corredor dos Tornados", as grandes planícies do centro do país.
Abrigos reforçados não são obrigatórios
A cidade começou a enterrar seus mortos. Na manhã desta quinta, foi celebrada a cerimônia de despedida de uma menina de nove anos encontrada entre os escombros de sua escola, junto com uma amiga.
Seu obituário, publicado no jornal local "NewsOk", conta que "Tonie" e sua melhor amiga "Emily" eram "inseparáveis". "Até o último momento, elas abraçaram uma a outra até o céu, onde nunca estarão sozinhas", completa o texto.
Nenhuma lei local ou federal obriga a instalar abrigos anti-tornados nas casas, nem mesmo nas escolas. Os proprietários que quiserem ter esse tipo de proteção devem pagar até 4.000 dólares pela versão mais básica. Apenas entre 10% e 20% das casas da área devastada na segunda-feira dispunham de um desses bunkers, relatou o professor de Meteorologia da Universidade de Oklahoma, John Snow.
Um deles é o pedreiro aposentado Mel Evridge. Depois do tornado de 1999, ele construiu um abrigo subterrâneo onde se protegeu na segunda. Diferentemente da maioria das casas americanas, feitas de madeira, Evridge construiu a sua, nos anos 1970, com pedras da região. No dia do tornado, a estrutura resistiu aos fortes ventos.
A secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, que na quarta-feira foi para a área afetada, garantiu que as equipes de resgate se manterão na região "até o final da reconstrução". "Os habitantes de Moore são fortes", disse. "A dor que sentimos hoje é indescritível, mas já passamos pela tragédia e saímos mais fortes como povo e como Estado", acrescentou.
O presidente Barack Obama deverá ir a Moore no domingo para avaliar o alcance dos danos. Visitará "as famílias que foram atingidas e agradecerá aos membros dos serviços de emergência" por seu trabalho, informou a Casa Branca.