Agência France-Presse
postado em 24/05/2013 11:13
Niamey - As forças nigerinas e francesas atuaram nesta sexta-feira em Agadez, norte de Níger, com o objetivo de libertar as pessoas sequestradas após um atentado suicida que matou mais de 20 pessoas em uma base militar nigerina na quinta-feira.Dado como morto pelo Chade, o islamita argelino Mokhtar Belmolkhtar reivindicou os ataques de quinta-feira, os primeiros do gênero em Níger, que tiveram como alvo o exército do Níger e uma central de urânio do grupo nuclear francês Areva em Arlit, mais de 200 km ao norte.
Ele ameaçou executar novos atentados em Níger, assim como em outros países envolvidos nas operações no Mali.
Em Agadez, a grande cidade do norte desértico de Níger, a operação para acabar com o sequestro deixou ao menos dois mortos, "dois terroristas, sequestradores", segundo o ministério francês da Defesa, que evocou "um primeiro balanço".
Um deputado de Agadez indicou "três terroristas mortos", "três reféns mortos" e uma outra pessoa morta por uma bala perdida. Este balanço não foi confirmado por Niamey.
O ministro da Defesa do Níger, Mahamadou Karidjo, afirmou que a operação teve início quinta-feira à noite.
[SAIBAMAIS]
"A situação foi controlada, particularmente em Agadez, onde nossas forças especiais atuaram para apoiar as forças nigerinas a pedido do presidente (Mahamadou) Issoufou", declarou o ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian.
"O objetivo era que Mali se tornasse um santuário islamita, o que não acontecerá. Agora temos que evitar riscos idênticos no norte de Níger ou parte do Chade", completou o ministro francês.
O presidente francês, François Hollande, viu nos atentados em Níger "uma prova adicional" da necessidade de apoiar a África contra o terrorismo.
"O caolho" ressurge
O grupo "Os que assinam com sangue", liderado por Mokhtar Belmokhtar, conhecido como "o caolho", surpreendeu ao reivindicar os dois atentados de quinta-feira.
"Lançaremos novas operações" em Níger, afirmou o movimento em um comunicado postado em sites islamitas e assinado por Belmokhtar.
O texto também ameaça a França e outros países com tropas no Mali, "mesmo em nome da manutenção da paz vão provar o sabor da morte".
Em um outro comunicado, citado na quinta-feira pela agência de notícias mauritana Alakhbar, o porta-voz do grupo, El-Hassen Ould Khlil, conhecido por "Jouleibib", declarou que "Belmokhtar supervisionou pessoalmente os planos e a operação dos ataques contra as forças de elite francesas que garantiam a segurança das instalações da central nuclear (Areva) e de uma base militar".
Em outro comunicado, "Jouleibib" afirmou que entre os integrantes do grupo havia "sudaneses, saharwis e malinenses".
Segundo "Os que assinam com sangue", a operação foi realizada em conjunto com o Movimento pela Unidade e a Jihad no Oeste da África (Mujao).
O Mujao, um dos grupos armados que ocupava o norte do Mali em 2012, havia reivindicado os ataques em um primeiro momento.
Belmokhtar, antigo líder da Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), deixou o grupo no fim de 2012 para criar o próprio movimento, Os que assinam com sangue.
A primeira ação do grupo foi um sequestro em janeiro na central de gás de In Amenas, sul de Argélia, que provocou uma intervenção das forças argelinas e terminou com dezenas de mortos.
O presidente do Chade, Déby Itno, cujo exército também está presente no Mali, havia afirmado em abril que Belmokhtar "explodiu" pouco tempo após a morte, no final de fevereiro no norte do Mali, de Abu Ze;d, um dos líderes da Aqmi.
A França confirmou em 23 de março a morte de Abu Zeid, mas não a de Belmolkhtar.
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Durante a madrugada de quinta-feira, o primeiro ataque contra uma base militar de Agadez deixou 20 mortos, em sua maioria militares. A televisão pública exibiu imagens do campo após o ataque: telhados destruídos, pedaços do carro-bomba e manchas de sangue no chão.
Em Arlit, a Areva informou a morte de um funcionário e de 14 feridos após a explosão quase simultânea de um outro carro-bomba. Quase 50 agentes de segurança também foram feridos.