Agência France-Presse
postado em 25/05/2013 15:38
Lisboa - Milhares de pessoas participaram de um protesto neste sábado (25/5) em Lisboa, perto do palácio presidencial, para exigir a renúncia do governo, considerado o responsável pela crise socioeconômica no país com sua política de austeridade, exigida pelos seus credores."Mudar de política", "Fora governo", "Contra a exploração e o empobrecimento", eram as principais palavras de ordem na manifestação convocada pelo CGTP, principal sindicato português que fretou dezenas de ônibus para levar militantes à capital.
"Temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para nos livrarmos deste governo", declarou o secretário-geral da CGTP, Armenio Carlos.
A manifestação contava com o apoio do movimento apolítico "Que se lixe a troika", que em março reuniu contra a austeridade centenas de milhares de pessoas em todo o país.
"A austeridade castiga os pobres e beneficia os ricos" e "Ladrões, ladrões" eram as mensagens exibidas em pequenos cartazes com a imagem do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. A maioria esmagadora dos manifestantes era de funcionários públicos, desempregados e aposentados.
"O governo deve renunciar agora", disse Maria, uma lisboeta de 57 anos, que está desempregada há meses, assim como seu marido e sua filha. "Viemos a Lisboa para dizer ;basta;. O governo corta tudo, inclusive as aposentadorias. O presidente tem que sair", afirmou Antônio Amoreira, que saiu da Cidade do Porto para protestar.
O presidente Anibal Cavaco Silva, que tem papel essencialmente protocolar, pode dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas, como desejam atualmente 57% dos portugueses, segundo uma pesquisa, divulgada este sábado pelo jornal Público.
O descontentamento social aumentou após o anúncio, feito no início de maio, de um novo plano de ajuste que inclui a mudança de 65 para 66 anos da idade de aposentadoria, o corte de 30.000 postos de trabalho no funcionalismo público e o prolongamento de suas horas de trabalho semanais de 35 para 40 horas.
Diante das críticas, o governo apresentou recentemente medidas destinadas a favorecer o crescimento e o emprego e, entre outros, um "super-crédito de impostos" de 20% para as empresas que investirem no país.
Mas a economia de Portugal, que desde maio de 2011 é beneficiada por um plano de resgate de 78 bilhões de euros, deve registrar uma queda de 2,3% este ano, com uma estimativa de desemprego de 18,2%, um recorde.