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Tribunal realiza 'caça racial' contra africanos, diz presidente da UA

Presidente e vice-presidente do Quênia são julgados pela responsabilidade na violência que se seguiu às eleições presidenciais de dezembro de 2007

Agência France-Presse
postado em 27/05/2013 12:13
Adis Abeba - O Tribunal Penal Internacional (TPI) realiza "uma espécie de caça racial" ao julgar apenas africanos, afirmou nesta segunda-feira (27/5) o presidente em exercício da União Africana (UA), o primeiro-ministro etíope Hailemariam Desalegn, após o encerramento da cúpula dos chefes de Estado da organização em Addis Abeba.

Durante a criação do TPI, "o objetivo era evitar qualquer impunidade, mas o processo acabou por degenerar em uma espécie de caça racial", declarou, após a cúpula que exigiu a transferência à justiça queniana dos processos iniciados pelo TPI contra o presidente e o vice-presidente do Quênia por crimes contra a humanidade. "Os líderes africanos não compreendem as acusações contra esses presidentes (os dois chefes do Executivo queniano). Acredito que o TPI deve ver que não pode perseguir os africanos", acrescentou à imprensa.

[SAIBAMAIS]Uhuru Kenyatta e William Ruto, eleitos respectivamente em março presidente e vice-presidente do Quênia, são julgados pelo TPI pela responsabilidade na violência que se seguiu às eleições presidenciais de dezembro de 2007. Mais de 1.000 pessoas morreram e centenas de milhares ficaram feridas em poucas semanas nesses eventos. O julgamento de Uhuru Kenyatta deve começar em 9 de julho e o de William Ruto teria início nesta terça-feira, mas foi adiado.



Desde sua criação, o TPI processou trinta pessoas, todas africanas, por crimes cometidos em oito países da África (República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Uganda, Sudão (Darfur), Quênia, Líbia, Costa do Marfim e Mali). Hailemariam Desalegn também anunciou que os líderes africanos decidiram criar uma força de reação rápida encarregada de agir nos conflitos no continente.

A força estaria operacional "imediatamente" graças às contribuições já depositadas e às oferecidas por Uganda, África do Sul e Etiópia. Os líderes africanos discutem há anos a formação desta força africana, mas sua implementação, prevista inicialmente para o final de 2010, foi adiada para meados de 2015.

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