Mundo

Europa: política antidrogas enfrenta desafios e cortes de gastos em saúde

Cerca de "85 milhões de europeus adultos consumiram alguma droga ilícita em algum momento de suas vidas

Agência France-Presse
postado em 28/05/2013 11:04
Lisboa - A luta contra as drogas ilícitas na Europa enfrenta "novos desafios" relacionados à "globalização e à inovação tecnológica" e pode ser afetada pelo desemprego dos jovens e pelos cortes de gastos na saúde provocados pela crise econômica, adverte o Observatório Europeu de Drogas e Vícios (OEDT) em um relatório divulgado nesta terça-feira.

O consumo de cocaína e maconha dá sinais de diminuição, assim como o número de usuários de heroína, mas o uso de drogas em geral "segue alto em termos históricos", alerta o OEDT, entidade sediada em Lisboa.

De fato, cerca de "85 milhões de europeus adultos consumiram alguma droga ilícita em algum momento de suas vidas. Esse número equivale a um quarto da população adulta do continente", aponta o "Relatório Europeu sobre Drogas 2013".

O tráfico de drogas, por sua vez, está em constante mutação.

"O mercado atual de drogas parece ser mais fluido e dinâmico, se baseando menos em substâncias feitas a partir de plantas enviadas de longe aos mercados europeus", esclarece o documento.

Em relação à maconha, "apesar de alguns sinais de uma tendência decrescente" em certos países, seu consumo na Europa segue alto, com "um mercado amplo e relativamente sólido", acrescenta.

A erva da maconha, "cultivada internamente ou que procede de países vizinhos", ganhou parte deste mercado, em detrimento da resina, importada em sua maior parte do Marrocos.

O cultivo local da erva se generalizou em quase todos os países europeus e, em muitos casos, foi gerado um mercado de produtos sintéticos.

"A erva da maconha, às vezes de alta potência, desempenha agora um papel mais importante, ao lado do recente surgimento de produtos sintéticos ;similares à maconha;", informa o OEDT.

"Em 2012 foram identificadas 73 novas substâncias psicoativas" sintéticas e a comercialização delas se tornou mais fácil com a internet, de acordo com o Sistema de Alerta Rápido da União Europeia, que em 2011 identificou 49 novas substâncias.

O OEDT estima que "pelo menos 1,2 milhão de pessoas receberam tratamento por consumo de drogas ilegais na Europa em 2011", um recorde, mas insiste "na necessidade de concentrar esforços na continuidade da assistência, nos serviços de reinserção e na criação de um consenso sobre o que deve ser entendido como tratamento no longo prazo", tendo em mente o exemplo da recuperação de dependentes de heroína, que pode se prolongar por vários anos.

Leia mais notícias em Mundo

Além disso, qualquer sinal de otimismo "deve considerar (...) que a perspectiva de desemprego juvenil e os cortes nos serviços de saúde favorecem o reaparecimento de ;velhos; problemas", constata o documento.

O OEDT também lamenta "os recentes surtos de HIV relacionados ao consumo de drogas injetáveis na Grécia e na Romênia" e menciona, ainda, uma epidemia latente de hepatite C, transmitida também pelo uso de seringas compartilhadas.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação