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Promotor argentino acusa Irã de infiltração terrorista na América do Sul

País acusou o Irã judicialmente de se infiltrar em vários países da América do Sul e de instalar na região bases de inteligência destinadas a cometer atentados terroristas

Buenos Aires - O promotor Alberto Nisman, que investiga o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 1994, acusou o Irã judicialmente de se infiltrar em vários países da América do Sul e de instalar na região bases de inteligência destinadas a cometer atentados terroristas, informou Nisman nesta quarta-feira.

O ataque deixou 85 mortos e 300 feridos. "No dia de hoje, assinei uma resolução de 502 folhas para apresentar ao juiz (Rodolfo Canicoba Corral), no qual acuso judicialmente o Irã de se infiltrar em vários países da América do Sul para instalar estações de inteligência, ou seja, bases de espionagem destinadas a cometer, fomentar e patrocinar atentados terroristas, como aconteceu na Amia", disse Nisman, em uma entrevista coletiva.

Uma cópia do ditame será enviada como carta precatória aos Poderes Judiciais de Brasil, Paraguai, Chile, Colômbia, Guiana, Suriname e Trinidad e Tobago, países onde "existem fortes e concordantes indícios de que essa infiltração e instalação de estações de inteligência se realizaram", acrescentou o responsável pelo caso Amia.



"Avisamos que detectamos a possibilidade de que isso (atentados como o ocorrido contra a associação judaica) aconteça nesses países, mas são esses países que têm de decidir como proceder", esclareceu.

Nisman divulgou o documento no momento em que Argentina e Irã assinam um memorando de entendimento, no qual se comprometem a formar uma Comissão da Verdade para esclarecer o atentado à Amia, em 18 de julho de 1994, em Buenos Aires.

O memorando ficou "ad referendum" dos parlamentos, com a aprovação por parte do argentino e um anúncio de aceitação formulado pela representação diplomática do Irã em Buenos Aires.

O acordo foi rejeitado pelas organizações políticas e sociais da comunidade judaica argentina, de 300 mil membros, a maior da América latina, que alegam que o Irã não é confiável.