Agência France-Presse
postado em 05/06/2013 09:45
Bagdá - Dezenas de milhares de xiitas se dirigiam nesta quarta-feira a um mausoléu de Bagdá para participar de uma peregrinação anual em memória de um de seus imãs, assassinado no ano 799, sob forte vigilância dos serviços de segurança, que temem atentados.[SAIBAMAIS]Mais de mil pessoas morreram no Iraque no mês de maio em uma onda de violência, segundo a ONU, o que aumenta o temor de agravamento dos confrontos sectários entre sunitas e xiitas. "Os terroristas não nos assustam", declarou Khaled Naama, de 35 anos, um jornaleiro de Samawa, a 280 km de Bagdá.
"Nunca vamos parar, ainda que sigam com suas explosões e assassinatos, porque este é o caminho para o paraíso", acrescentou. "Espero que todo o mundo islâmico e todos os terroristas entendam que as pessoas vêm desafiar os terroristas, visitar o santuário do imã Khadim e celebrar este doloroso acontecimento", declarou outro peregrino, Hmud Jasim, de 41 anos.
O imã Musa al-Khadim faleceu em Bagdá em 799 depois de ser envenenado na prisão. Todos os anos, dezenas de milhares de peregrinos xiitas, provenientes de todo o país, celebram o aniversário de sua morte se reunindo em seu mausoléu, erguido em Kadhimiyah, no bairro xiita de Bagdá.
Em agosto de 2005, a celebração da morte do imã Musa al-Khadim, o sétimo dos 12 imãs xiitas, foi ofuscada quando a multidão entrou em pânico devido a rumores sobre a presença de extremistas que supostamente se preparavam para cometer grandes atentados suicidas. Ao menos 965 peregrinos morreram afogados, asfixiados ou pisoteados na ponte Al-Aimah de Bagdá, que conduz ao mausoléu.
A violência no Iraque diminuiu desde seu período de maior auge, entre 2006 e 2007. No entanto, 10 anos depois da invasão dirigida pelos Estados Unidos os ataques continuam sendo comuns.
Pelo menos 112.000 civis morreram no Iraque nos 10 anos transcorridos desde a invasão de 2003, que derrubou Saddam Hussein, segundo um relatório publicado em março.
Este relatório apontou que a violência continua grande, com um número anual de mortos civis entre 4 e 5 mil pessoas, equivalente ao total de 4.804 homens das forças da coalizão que morreram de 2003 até a retirada dos militares americanos, em dezembro de 2011.