Agência France-Presse
postado em 09/06/2013 19:47
Beirute - Um jovem libanês que protestava neste domingo contra a participação do Hezbollah nos combates na Síria foi morto a tiros, na frente da embaixada do Irã em Beirute, informou uma fonte dos serviços de segurança. O incidente, o mais grave dessa natureza na capital libanesa com relação ao conflito sírio, acontece dois dias depois do estado de alerta do Exército contra "complôs" para colocar o Líbano na guerra. "A vítima foi morta com balas nas costas, quando participava de uma manifestação contra o Hezbollah na frente da embaixada do Irã", acrescentou a fonte. O político xiita Ahmad al-Assaad disse que a vítima, identificada como Hashem al-Salman, era um estudante membro de seu partido. Segundo o político, o jovem foi morto de propósito. "Hashem era xiita. Sua execução prova que o problema do Hezbollah não é com outras religiões no Líbano, mas contra qualquer um que se oponha a eles", declarou Al-Assaad à AFP.
[SAIBAMAIS]Segundo o Exército, a vítima foi abatida na multidão em um confronto entre manifestantes anti-Hezbollah e militantes do Partido xiita, na frente da embaixada do Irã, padrinho político e militar do movimento. "Uma pessoa atirou com um revólver, ferindo gravemente um cidadão que não resistiu e morreu", anunciou o Exército em um comunicado, acrescentando que procura o agressor.
Segundo um fotógrafo, jovens contrários ao Hezbollah chegaram à embaixada para organizar um protesto pacífico ("sit-in") e, em alguns segundos, jovens armados com porretes apareceram e atacaram os outros manifestantes, assim como os fotógrafos. O confronto terminou com a intervenção do Exército, acrescentou o fotógrafo da AFP, que viu pelo menos uma pessoa com o rosto ensanguentado.
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A embaixada do Irã fica em Bir Hassan, perto do subúrbio sul de Beirute, reduto do Hezbollah. O grupo teve papel determinante na tomada da região de Qousseir, por parte do regime sírio, esta semana. Em paralelo ao incidente na embaixada, pelo menos 100 pessoas se reuniram na praça dos Mártires no centro de Beirute sob o slogan "Os libaneses com a liberdade e a dignidade do povo sírio, contra a batalha do Hezbollah na Síria".
Agentes das forças de segurança foram enviados para o local para evitar conflitos. "O Hezbollah deve se retirar da Síria. O que eles estão fazendo, nenhum movimento armado libanês fez, ou seja, participar de uma guerra em outro país", disse Charles Jabbour, um dos organizadores do "sit-in". "O Líbano nunca esteve tão frágil. Eles estão transferindo a guerra da Síria para o país", acrescentou. "Não queremos que uma guerra religiosa (entre sunitas e xiitas) exploda aqui em razão da presença do Hezbollah em Qousseir", frisou o jovem sírio Khaled Nasra, de 25 anos, habitante de Alepo (norte).