Agência France-Presse
postado em 10/06/2013 12:46
Dubai - A intervenção armada do Hezbollah xiita libanês na guerra civil na Síria atiça a polarização islâmica entre sunitas e xiitas e acentua o risco de uma radicalização de grupos, assim como de uma extensão do conflito a todo o Oriente Médio, segundo os analistas consultados. A milícia xiita libanesa anunciou abertamente seu envolvimento ao lado das tropas do regime de Bashar al-Assad, apoiadas também por combatentes xiitas iraquianos em sua guerra contra a rebelião síria, majoritariamente sunita.
[SAIBAMAIS]Os defensores da rebelião reagiram com força à conquista de Qousseir pelo Exército, depois de 17 dias de duros combates, e manifestaram sua oposição à entrada de grupos xiitas no conflito. O mufti da Arábia Saudita, Abdel Aziz al-Sheikh, pediu para governos e autoridades religiosas castigarem "este repugnante grupo sectário" que é o Hezbollah, que, para o influente pregador Youssef al-Qaradaui, se transformou no "partido de Satã". Qaradaui convocou os sunitas a se juntarem à rebelião. Já o chefe interino da Coalizão Opositora Síria, George Sabra, acusou Hezbollah, Irã e Iraque, majoritariamente xiitas, de arrastarem a região para "um conflito sectário".
"Tememos agora que toda a região caia em um conflito sectário, que tomaria a forma de uma série de guerras civis incluindo Líbano, Iraque e, é claro, a Síria", acrescentou Salman Shaikh, diretor do Brookings Doha Center. A tensão religiosa, já grande na região, se acentuou com a batalha de Qousseir. O regime de Bashar al-Assad é dominado pelos membros da minoria alauita, um ramo do xiismo, e os sunitas são majoritários na Síria e no mundo muçulmano.
O primeiro-ministro xiita iraquiano, Nuri al-Maliki, que enfrenta uma ampla oposição sunita, advertiu no domingo que "uma tempestade sectária brutal" assolaria a região. O Iraque enterrou em maio homens mortos que haviam combatido ao lado das tropas sírias. "O alistamento confessional alcançou recentemente níveis preocupantes", afirmou o universitário Abdelkhaleq Abdullah, afirmando que a rivalidade histórica entre sunitas e xiitas toma agora uma dimensão política, mais do que religiosa.
A Arábia Saudita, onde estão os locais sagrados do Islã, é a principal porta-estandarte dos sunitas, amplamente majoritários entre os 1,4 bilhão de muçulmanos do mundo, enquanto o Irã é o porta-voz dos xiitas. Para o cronista libanês Hazem Sagheye, o conflito sírio provocou "um alistamento transfronteiriço" de sunitas e xiitas por grupos rivais, como mostra o caso do Líbano, profundamente dividido entre partidários e adversários de Bashar al-Assad e palco de diversos atos de violência.
Enquanto personalidades sunitas condenaram o envolvimento do Hezbollah na batalha de Qousseir, a queda dessa cidade foi comemorada nos bairros xiitas do Líbano e aplaudida em outros locais por grupos xiitas, como a Agremiação Unionista Nacional Democrática do Bahrein, onde a maioria xiita estimula um movimento de protesto contra a dinastia sunita. "O impressionante é que a tensão confessional pode radicalizar mais a Al-Qaeda e o extremismo religioso, e ameaçar toda a região", considera o analista saudita Tarek al-Homayed. "Avançamos em direção ao caos no mundo árabe", concluiu.
[SAIBAMAIS]Os defensores da rebelião reagiram com força à conquista de Qousseir pelo Exército, depois de 17 dias de duros combates, e manifestaram sua oposição à entrada de grupos xiitas no conflito. O mufti da Arábia Saudita, Abdel Aziz al-Sheikh, pediu para governos e autoridades religiosas castigarem "este repugnante grupo sectário" que é o Hezbollah, que, para o influente pregador Youssef al-Qaradaui, se transformou no "partido de Satã". Qaradaui convocou os sunitas a se juntarem à rebelião. Já o chefe interino da Coalizão Opositora Síria, George Sabra, acusou Hezbollah, Irã e Iraque, majoritariamente xiitas, de arrastarem a região para "um conflito sectário".
"Tememos agora que toda a região caia em um conflito sectário, que tomaria a forma de uma série de guerras civis incluindo Líbano, Iraque e, é claro, a Síria", acrescentou Salman Shaikh, diretor do Brookings Doha Center. A tensão religiosa, já grande na região, se acentuou com a batalha de Qousseir. O regime de Bashar al-Assad é dominado pelos membros da minoria alauita, um ramo do xiismo, e os sunitas são majoritários na Síria e no mundo muçulmano.
O primeiro-ministro xiita iraquiano, Nuri al-Maliki, que enfrenta uma ampla oposição sunita, advertiu no domingo que "uma tempestade sectária brutal" assolaria a região. O Iraque enterrou em maio homens mortos que haviam combatido ao lado das tropas sírias. "O alistamento confessional alcançou recentemente níveis preocupantes", afirmou o universitário Abdelkhaleq Abdullah, afirmando que a rivalidade histórica entre sunitas e xiitas toma agora uma dimensão política, mais do que religiosa.
A Arábia Saudita, onde estão os locais sagrados do Islã, é a principal porta-estandarte dos sunitas, amplamente majoritários entre os 1,4 bilhão de muçulmanos do mundo, enquanto o Irã é o porta-voz dos xiitas. Para o cronista libanês Hazem Sagheye, o conflito sírio provocou "um alistamento transfronteiriço" de sunitas e xiitas por grupos rivais, como mostra o caso do Líbano, profundamente dividido entre partidários e adversários de Bashar al-Assad e palco de diversos atos de violência.
Enquanto personalidades sunitas condenaram o envolvimento do Hezbollah na batalha de Qousseir, a queda dessa cidade foi comemorada nos bairros xiitas do Líbano e aplaudida em outros locais por grupos xiitas, como a Agremiação Unionista Nacional Democrática do Bahrein, onde a maioria xiita estimula um movimento de protesto contra a dinastia sunita. "O impressionante é que a tensão confessional pode radicalizar mais a Al-Qaeda e o extremismo religioso, e ameaçar toda a região", considera o analista saudita Tarek al-Homayed. "Avançamos em direção ao caos no mundo árabe", concluiu.