Teerã - Com dois candidatos a presidente nas eleições de sexta-feira (7/6), o campo reformista do Irã tenta um tímido retorno ao cenário político depois do fracasso registrado nas legislativas de 2012 e da repressão sofrida após as eleições presidenciais de junho de 2009. Depois da desclassificação do ex-presidente moderado Akbar Hachemi Rafsandjani, que poderia unir o campo reformista e o moderado, os destaques são Hassan Rohani, um religioso moderado de 64 anos, e Mohammad Reza Aref, ex-vice-presidente do reformista Mohammad Khatami, de 62 anos.
"Em todas as minhas viagens, convoco todos os jovens eleitores a votar" porque devemos ir às urnas, declarou Aref durante a campanha. Efetivamente, contra quatro candidatos conservadores - o quinto candidato do campo conservador, Gholam Ali Hadad Adel, anunciou nesta segunda-feira a sua retirada da disputa - Rohani e Aref têm poucas chances de passar para um eventual segundo turno no dia 21 de junho, mas os analistas concordam que suas chances aumentariam se os dois candidatos unissem suas forças.
[SAIBAMAIS]Após vários apelos nos últimos dias, Rohani e Aref estão negociando para que apenas um deles seja candidato do campo reformista no primeiro turno. Em 2009, os dois candidatos reformistas, Mir Hossein Moussavi e Mehdi Karoubi, rejeitaram a reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad e convocaram manifestações contra uma fraude. Milhares de ativistas foram detidos e a repressão aos protestos deixou 32 mortos, segundo as autoridades, e 72, de acordo com a oposição.
Em 2011, Moussavi e Karoubi foram colocados em prisão domiciliar. No ano seguinte, os reformistas praticamente desapareceram do Parlamento após um boicote das eleições parlamentares. No entanto, há pouco mais de um ano os reformistas tentam se organizar novamente em torno de seus dois líderes históricos. Os reformistas e os moderados tinham muitas esperanças depositadas na candidatura de Rafsandjani, aplaudida por Khatami, mas que depois foi rejeitada, oficialmente devido a sua idade avançada.
Além disso, vários candidatos reformistas foram desclassificados para as eleições municipais - que serão realizadas junto com as presidenciais - acusados de terem apoiado os protestos de 2009. As candidaturas de Rohani e Aref permitem mobilizar novamente um segmento do eleitorado moderado. Nos últimos meses, esses candidatos reativaram suas estruturas de base, enquanto as reuniões políticas de ambos reúnem ativistas em todo o país.
"A presença de Rohani e Aref nos debates televisionados e suas críticas à falta de liberdade ou à administração do país permitiram mudar o clima político. Agora, o poder está dando uma imagem de que aceita que os reformistas tenham um papel mais importante", considerou um jornalista ligado aos reformistas, que pediu para não ser identificado. Os reformistas também podem contar com o apoio de uma dezena de jornais nacionais que estão intensificando as críticas contra o poder.
"Se um dos dois candidatos, Rohani ou Aref, passar a um eventual segundo turno, seus partidários poderão se unir para criar uma verdadeira dinâmica, ao contrário dos candidatos conservadores, que não pararam de se destruir (mutuamente)", afirmou à AFP Amir Mohebian, um analista político próximo aos conservadores. "Neste caso, o papel de Rafsandjani e Khatami será extremamente importante para mobilizar as tropas", ressaltou.