postado em 12/06/2013 08:55
Atenas - O governo da Grécia anunciou nesta quarta-feira (12/6) a apresentação de um projeto de lei que reorganiza o serviço audiovisual público no país, um dia depois de fechar de maneira fulminante a rádio e televisão pública ERT. "Foi apresentado um projeto sobre a nova rádio, internet e televisão grega à secretaria-geral do governo. O tema será abordado à tarde em uma reunião da comissão de projetos de leis", afirma um comunicado governamental.

O projeto de lei será debatido pelos três partidos da coalizão governamental e submetido ao Parlamento para sua aprovação. O texto prevê a criação de uma sociedade anônima pública pertencente ao Estado, mas com sua própria organização administrativa e econômica sob a proteção do Estado, afirma o primeiro artigo do projeto. "Fechamos algo que era turvo", afirmou o porta-voz do governo, Simos Kedikoglou, ao apresentar o texto, apenas aos correspondentes estrangeiros, já que os jornalistas gregos estão em greve.
[SAIBAMAIS]Segundo o texto, "o funcionamento da nova rádio e televisão" grega, que deve receber o nome Nerit S.A. "não depende do Estado" e "dispõe de independência editorial e de programação". O fechamento da ERT, acusada de clientelismo político, provoca a demissão de quase 2.700 funcionários, incluindo 677 jornalistas. A decisão surpreendente provocou manifestações na terça-feira diante da sede da emissora, em um subúrbio de Atenas. Os participantes chamaram de "golpe de Estado" a decisão do governo, dirigido pelo primeiro-ministro conservador Antonis Samaras.
A decisão foi tomada apenas pelo partido Nova Democracia de Samaras. Os outros dois partidos da coalizão governamental, o socialista Pasok e a esquerda moderada Dimar, eram contrários à medida. Os funcionários da ERT continuavam trabalhando nesta quarta-feira e transmitiam a programação pela internet e em um canal local emprestado pelo Partido Comunista. A Comissão Europeia anunciou que está a par do fechamento da ERT, mas insistiu na função indispensável de um serviço audiovisual público em uma democracia.