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Líbano diz que responderá se for alvo de novos bombardeios sírios

Várias pessoas ficaram feridas nesta quarta-feira quando um helicóptero sírio lançou três mísseis contra uma localidade libanesa na fronteira com a Síria

Agência France-Presse
postado em 12/06/2013 12:44
Beirute - O Exército do Líbano advertiu nesta terça-feira a Síria que responderá em caso de um novo ataque contra seu território, em um novo transbordamento de um conflito que estará nesta quarta-feira no centro das discussões em Washington entre os chanceleres de Estados Unidos e Grã-Bretanha.

Enquanto isso, em vídeos divulgados pelo opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede no Reino Unido, rebeldes sunitas celebram a morte de 60 xiitas, em sua maioria combatentes favoráveis ao regime de Bashar al-Assad, e o incêndio de suas casas no leste da Síria.

"As unidades do Exército mobilizadas na região tomaram as medidas defensivas necessárias para responder imediatamente a qualquer violação semelhante", declarou o Exército libanês em um comunicado após um bombardeio sírio contra a localidade de Aarsal que deixou um ferido.

Trata-se de uma advertência muito rara na história recente de Líbano e Síria, ex-potência tutelar de seu pequeno vizinho. O Exército libanês, fracamente equipado, mantém uma estreita colaboração com o Exército da Síria.



Aarsal é uma região sunita que apoia a rebelião e serve de ponto de passagem entre os dois países para refugiados, armas e rebeldes, segundo fontes de segurança. Recentemente, Aarsal recebeu dezenas de feridos, particularmente insurgentes que fugiam de Qousseir, reduto rebelde do centro-oeste da Síria retomado pelo Exército com a ajuda do movimento xiita libanês Hezbollah.

Já o OSDH divulgou vídeos no qual aparecem rebeldes islamitas celebrando a morte de 60 xiitas, em sua maioria combatentes leais ao regime, e o incêndio de suas casas no leste da Síria. "A brigada Al-Sadeq al-Amin se prepara para o ataque às casas dos xiitas partidários do regime de Assad na aldeia de Hatlah", afirma o homem que segura a câmera de vídeo.

Cerca de dez homens armados aparecem na imagem no pátio de uma casa, exibindo ao menos um cadáver desfigurado e ensanguentado que jazia no chão. "Aqui estão os xiitas, esse é seu final, cachorros", grita.

"Sunitas, ajudem a sua comunidade", clama outro homem. Um segundo vídeo mostra uma dezena de homens armados, aparentemente no exterior do povoado, de onde se eleva uma espessa coluna de fumaça.

"Deus é grande, todas as casas dos xiitas foram incendiadas (...) Aqui estão os combatentes da jihad (guerra santa) celebrando sua entrada nas casas de xiitas infiéis", brada o homem que grava a cena. A Síria é um país de maioria sunita governado há mais de 40 anos pelo clã Assad, que pertence à minoria alauita, um ramo do xiismo.

O OSDH também indicou que o Exército sírio avançava nesta quarta em um bairro da localidade de Homs (centro) com o objetivo de controlar completamente esta cidade - batizada pela oposição como "a capital da revolução" - como fez há alguns dias com Qousseir. As últimas derrotas militares dos rebeldes para as tropas de Assad complicam a organização de uma conferência de paz em Genebra, na qual o Brasil propôs sua participação.

"O Brasil considera que valeria a pena examinar a possibilidade de incluir outros países", disse na terça-feira o chanceler Antonio Patriota, após uma reunião com seu colega russo, Serguei Lavrov. Até agora, a conferência de paz de Genebra prevê a participação dos cinco países permanentes do Conselho de Segurança da ONU e dos vizinhos da Síria. Em Washington, o secretário de Estado americano, John Kerry, deve discutir com seu colega britânico a situação síria.

Putin lamentou o fato de Assad não ter realizado as reformas exigidas pelo movimento de contestação popular lançado em março de 2011. "Se tivesse agido de forma diferente, tudo isto não teria acontecido", declarou Putin, cujo país fornece armas a Damasco.

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