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Primeiro-ministro turco Erdogan dá "último aviso" aos manifestantes

Ele pede aos manifestantes para que abandonem imediatamente o parque Gezi de Istambul, epicentro dos protestos políticos que agitam a Turquia há duas semanas

Agência France-Presse
postado em 13/06/2013 09:40
Ancara, Turquia - O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, deu nesta quinta-feira (13/6) um "último aviso" aos manifestantes para que abandonem imediatamente o parque Gezi de Istambul, epicentro dos protestos políticos que agitam a Turquia há duas semanas.

Erdogan disse que o
[SAIBAMAIS]"Tivemos paciência até agora, mas a paciência está se esgotando. Faço meu último aviso: mães, pais, por favor, retirem seus filhos", disse Erdogan em um discurso em Ancara para os prefeitos de seu partido, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP). "Não podemos esperar mais porque o parque Gezi não pertence às forças que o ocupam. Pertence a todos", completou.



"Faço um apelo aos irmãos defensores do meio ambiente, não nos façam ficar tristes por mais tempo. Deixem que limpemos o parque Gezi para devolvê-lo a seus autênticos proprietários, os moradores de Istambul", insistiu o chefe de Governo. No discurso, Erdogan também confirmou a vontade de convocar uma consulta com a população de Istambul sobre o projeto de reforma urbana da praça Taksim e do parque Gezi, que desencadeou protestos contra o governo em 31 de maio.

"Uma prefeitura pode consultar seus habitantes no distrito de Beyoglu (onde fica o parque) ou em toda Istambul. Não há impedimentos legais", disse o primeiro-ministro, em uma resposta aos que afirmam que o referendo seria ilegal.

Os manifestantes também rejeitaram essa proposta.

"Não vivemos todos estes ataques que mataram e feriram cerca de 5.000 concidadãos para que se organize um referendo", enfatizou Atalay.

A proposta do primeiro-ministro turco para um referendo municipal sobre o futuro de parque Gezi de Istambul não é legal nem desejável, afirmou à AFP um representante dos manifestantes.

"Já existe uma decisão judicial, que obrigou a interrupção das obras urbanísticas do Parque Gezi. Nestas condições, não é legal prever uma consulta popular para decidir o futuro do parque", declarou Tayfun Kahraman, do Solidariedade Taksim, que reúne 116 associações que promovem protestos no Parque Gezi.

Kahraman destacou ainda que "não existem as condições para realizar uma consulta porque a legislação turca prevê o recurso ao referendo apenas para reformas constitucionais.

O primeiro-ministro tentou na quarta-feira neutralizar os protestos contra o governo com a ideia de um referendo sobre o projeto urbanístico da Praça Taksim e sobre o futuro das 600 árvores do parque Gezi.

Um tribunal administrativo de Istambul divulgou em 31 de maio uma medida cautelar para suspender as obras, à espera de uma decisão sobre a legalidade do projeto estimulado pelo governo.

Nesta quinta-feira (13/6), o ministro do Interior, Muammer Guler, pediu o fim rápido da ocupação do Parque Gezi, cenário de protestos há duas semanas.

"A ocupação do Parque Gezi não pode durar. Desde 1; de junho, alguns grupos ocupam um espaço público e impedem o acesso a outros. Tudo isto deve acabar antes que provoque mais tensão. Esta situação não é aceitável em uma democracia", disse Guler em Ancara.

"Adotamos as medidas de segurança necessárias. A polícia está preparada diariamente para restabelecer a ordem e garantir a segurança", completou.

Ao mesmo tempo, o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, considerou inaceitável uma resolução adotada nesta quinta pelo Parlamento europeu e que critica o uso excessivo da força por parte da polícia turca contra os manifestantes antigovernamentais.

"Esta atitude é inaceitável", afirmou Davutoglu aos jornalistas, para afirmar que a Turquia é uma "democracia de primeira" e não precisa receber lição de ninguém.

Os deputados europeus haviam expressado, minutos antes da reação de Ancara, sua "profunda preocupação com a violência excessiva e a intervenção brutal da polícia contra manifestações pacíficas e legítimas".

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