Agência France-Presse
postado em 14/06/2013 22:44
Benghazi - Dezenas de manifestantes desalojaram nesta sexta-feira à noite uma brigada de ex-rebeldes de seu quartel-general em Benghazi, no leste da Líbia, uma semana depois de confrontos sangrentos que deixaram mais de 30 mortos, informou um oficial do Exército nacional.Os manifestantes incendiaram dois veículos da "Primeira Brigada de Infantaria", antes de se dirigirem para o QG, disse o mesmo oficial, que pediu para não ser identificado.
Ele acrescentou que a brigada abandonou o local invadido pelos manifestantes. Segundo uma testemunha, os manifestantes atiraram para o alto e lançaram um foguete RPG no muro externo do alojamento, sem deixar vítimas.
A "Primeira Brigada de Infantaria" é formada por ex-rebeldes que já combateram o regime de Muammar Kadhafi em 2011. O grupo diz agir sob determinação do Ministério da Defesa. Em sua página no Facebook, o grupo declarou nesta sexta que seu comandante, Hamed Belkhir, determinou a evacuação dos alojamentos ocupados pela brigada e "de não atirar nos manifestantes".
No último fim de semana, uma outra brigada, a "Escudo da Líbia", que também diz ser subordinada ao Ministério da Defesa, foi atacada por manifestantes anti-milícia. Seus integrantes foram obrigados a deixar seu QG por pressão das ruas e das autoridades, ao término de confrontos que deixaram mais de 30 mortos e 100 feridos. Os ativistas exigem a saída das "milícias" armadas de sua cidade, apelando às forças regulares que assumam o posto.
O governo, que tenta compor um Exército e uma Polícia profissionais, tem recorrido com regularidade a esses ex-rebeldes para garantir a segurança das fronteiras, ou intervir nos conflitos tribais. Em outubro, moradores de Benghazi já haviam se rebelado contra as milícias, expulsando algumas delas de suas bases.
O novo poder na Líbia não conseguiu desarmar e dissolver os grupos de ex-rebeldes que fazem a lei no país e procuram legitimar alguns deles, apesar da oposição de grande parte da população. Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, onde teve início em 2011 a revolta que levou à queda do regime de Kadhafi, tem sido palco nesses últimos meses de vários ataques contra alvos ocidentais e de assassinatos de membros das forças de segurança.