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Presidente turco esvazia último reduto de manifestantes em Istambul

Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Istambul e de Ancara pedindo a renúncia do governo

Agência France-Presse
postado em 15/06/2013 16:13
Polícia expulsou todos os ocupantes atirando bombas de gás lacrimogênio
Istambul
- A polícia turca desalojou à força neste sábado os últimos manifestantes que ocupavam o parque Gezi de Istambul, epicentro dos protestos contra o governo que agitam a Turquia há duas semanas, depois de um novo ultimato do premier Recep Tayyip Erdogan.

Pouco antes das 21H00 locais (15H00 de Brasília), as forças policiais intervieram com caminhões-tanque para dispersar as centenas de pessoas reunidas na praça Taksim, e depois entraram no parque, evacuando os milhares de ocupantes atirando bombas de gás lacrimogênio. Várias pessoas foram detidas.

[SAIBAMAIS]"Entraram à força, com muito gás. Fomos agredidos, inclusive as mulheres", contou à AFP um dos manifestantes, Ader Tefiq.

Apenas se soube da desocupação do parque, dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Istambul e de Ancara pedindo a renúncia do governo.

Duas horas antes, o chefe de governo lançou uma advertência aos manifestantes em um discurso pronunciado diante de dezenas de milhares de partidários reunidos em um subúrbio longínquo de Ancara.

"Amanhã temos uma reunião pública em Istambul. Digo claramente: se a praça Taksim não for evacuada, as forças de segurança deste país irão evacuá-la", afirmou Erdogan com tom firme, que adotou desde que começaram os protestos.

No sábado, o grupo Solidariedade Taksim, que reúne 116 associações e dirige a ocupação do parque Gezi, embora seu repúdio de evacuar o local apesar dos gestos conciliadores do governo.

"Vamos dar continuidade à nossa resistência contra qualquer injustiça no nosso país (...) Isto é só um princípio, nossa luta continuará", informou em um comunicado.

Na véspera, Erdogan se comprometeu a deter o projeto de urbanização do parque Gezi até que a justiça se pronuncie sobre sua legalidade.

Mas os irredutíveis do parque Gezi rejeitaram categoricamente o que o poder apresentou como uma concessão.

"Ficaremos aqui porque o governo não respeitou nossos pedidos", disse Ata, um manifestante do parque Gezi, à AFP.

Em 31 de maio, a polícia interveio para dispersar com violência os ativistas ecologistas que protestavam contra a destruição anunciada do parque Gezi e de suas 600 bananeiras no âmbito de um questionado projeto urbanístico na praça Taksim.

A indignação provocada por esta operação motivou a mais importante onda de protestos contra o governo islamita-conservador turco desde que chegou ao poder, em 2002. Em várias cidades do país, dezenas de manifestantes exigem a demissão de Erdogan, acusado de autoritarismo e de querer islamizar a sociedade turca.

Erdogan, confiante no apoio da maioria da população e cujo Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) arrasou com 50% dos votos nas legislativas em 2011, adotou uma posição muito firme perante os manifestantes.

No domingo, o premier participará novamente de uma reunião pública com dezenas de milhares de manifestantes em Istambul.

A violência policial e a intransigência de Erdogan frente aos manifestantes lhe valeram críticas do exterior, principalmente dos Estados Unidos e da União Europeia.

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