Agência France-Presse
postado em 17/06/2013 11:40
Teerã - O presidente eleito Hassan Rohani expressou nesta segunda-feira (17/6), em sua primeira coletiva de imprensa, a esperança de que o Irã possa alcançar junto à comunidade internacional um novo acordo sobre seu programa nuclear, afirmando que este acordo pode ser obtido com mais transparência e confiança mútua. Rohani, no entanto, foi enfático em afirmar que seu país não abandonará o programa de enriquecimento de urânio e que as sanções contra o Irã são injustas e injustificadas.Em função disso, segundo ele, os Estados Unidos deveriam reconhecer os direitos nucleares do Irã. "O diálogo com os Estados Unidos deve ser feito dentro da legalidade e do respeito mútuo. Os Estados Unidos não podem intervir nos assuntos internos do país e reconhecer os direitos nucleares do Irã e cessar sua política unilateral e de pressão", declarou.
Também afirmou que a guerra civil síria deve ser resolvida pelos próprios sírios e advertiu contra as ingerências estrangeiras, num momento em que as potências ocidentais discutem a possibilidade de armar os rebeldes. "A crise síria será resolvida com o voto dos sírios. Estamos preocupados com a guerra civil e as ingerências externas. O atual governo [do presidente Bashar al-Assad] deve ser respeitado pelos demais países até as eleições [presidenciais de 2014], e depois o povo decidirá".
Candidato dos campos reformistas, o moderado Hassan Rohani surpreendeu ao vencer no primeiro turno a eleição presidencial no Irã, superando com ampla vantagem seus rivais conservadores. A vitória de Rohani marca o fim de oito anos de poder conservador.
[SAIBAMAIS]De acordo com resultados definitivos, Rohani, de 64 anos, obteve 18,6 milhões de votos (50,68%), e ficou à frente do prefeito conservador de Teerã, Mohammad Bagher Ghalibaf, que recebeu 6,07 milhões de votos, e do chefe dos negociadores na questão nuclear, Said Jalili, com 3,17 milhões, que era apoiado pela ala dura do regime.
Após uma campanha morna, este aliado do ex-presidente moderado Akbar Hashemi Rafsanjani, foi beneficiado pela desistência do candidato reformista Mohammad Reza Aref e recebeu o apoio na terça-feira do líder dos reformistas, Mohammad Khatami.
Contudo, a vitória do candidato apoiado pelos campos moderado e reformista não significa uma guinada na política da República Islâmica em temas estratégicos como o nuclear ou as relações internacionais, que estão sob a autoridade direta do guia supremo Ali Khamenei.