Istambul - A polícia turca usou canhões d;água para dispersar milhares de manifestantes que se reuniram mais uma vez na Praça Taksim, em Istambul, pedindo a renúncia do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan. Centenas de policiais, com canhões de água, avançaram na direção dos manifestantes que pediam a renúncia de Erdogan. "Isso é apenas o começo, a batalha continua", gritavam os manifestantes, lançando cravos vermelhos."É resistindo que vamos triunfar".
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Os manifestantes se reuniram, uma semana depois que a polícia retirou centenas de pessoas do Gezi Park, o epicentro das manifestações nacionais que sacudiram a Turquia neste mês de junho e representam o maior desafio de Erdogan em uma década de seu governo de origem islamita. Após a retirada, os protestos, que enfureceram Erdogan, perderam força, com o premier cantando vitória sobre os "traidores". "O povo e o AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento, no poder) frustraram o plano, ajudado por traidores e seus cúmplices estrangeiros", disse Erdogan na terça-feira.
[SAIBAMAIS]Confiante de que resistiu à tempestade, ele alertou contra qualquer insurgência dos protestos. "De agora em diante, não haverá possibilidade de qualquer tolerância com as pessoas ou organizações que se envolverem em atos violentos". A crise começou quando uma pequena campanha para impedir que 600 árvores do Gezi Park fossem cortadas em um projeto de remodelação foi reprimido violentamente no dia 31 de maio.
A violência irritou a população e virou uma bola de neve, com protestos de massa contra Erdogan, visto, cada vez mais, como autoritário, antes de culminar em outra repressão no Gezi Park. Quatro pessoas foram mortas e quase 8 mil ficaram feridas no confronto, de acordo com a Associação Médica da Turquia.
Centenas foram presas em todo o país por envolvimento nas manifestações e, pelo menos, 46 pessoas foram acusadas, a maioria de pertencer a grupos "terroristas" e por destruição da propriedade, de acordo com grupos de advogados. O modo como Ancara lidou com os protestos foi criticado pelo Ocidente, levando a uma ampliação das tensões com a Alemanha, em particular.
Nesta sexta-feira, Berlim e Ancara chamaram seus enviados nos respectivos países em ações punitivas. "Não podemos negar as tensões. Temos que continuar com as discussões, ainda estamos no meio das negociações", disse o ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, neste sábado, depois de encontrar o enviado turco.
Na Turquia, o canal de notícias NTV disse que o embaixador Eberhard Pohl passou mais de uma hora com o subsecretário das Relações Exteriores, Feridun Sinirlioglu, mas, nenhum dos dois lados quiseram comentar as discussões. As tensões entre Ancara e Berlim se intensificaram quando, na segunda-feira, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel disse que a violenta repressão aos manifestantes foi "muito dura". Dias depois, os membros da UE fracassaram em alcançar o consenso necessário para começar um novo capítulo de negociações com a Turquia sobre sua entrada na União Europeia na próxima semana, o que poderia ter marcado uma retomada dos laços.
Diplomatas disseram que a Alemanha e a Holanda expressaram "reservas" em conversas a portas fechadas entre os embaixadores da UE. O ministro turco de assuntos da União Europeia, Egemen Bagis, se irritou com a notícia, culpando a Alemanha, a maior economia da UE e com a maior comunidade turca do mundo, além de ser a maior parceira comercial de Ancara. "Se Merkel está buscando material para sua campanha eleitoral, não deve ser a Turquia", disse Bagis aos repórteres, em relação às eleições gerais na Alemanha marcada para setembro.
As negociações com a Turquia, para que o país possa ser membro da UE, começaram em 2005, mas até agora não foram encerradas, principalmente devido a desacordos sobre o Chipre, que aderiu ao bloco em 2004, bem como a dúvidas alemãs sobre a proposta. Neste sábado, 80 mil pessoas se manifestaram contra o governo de Erdogan na cidade alemã de Colônia.