Agência France-Presse
postado em 23/06/2013 11:49
Damasco - Sete pessoas, quatro policiais e três rebeldes, morreram e nove outras ficaram feridas neste domingo (23/6) em um atentado rebelde contra um posto policial em Damasco, anunciou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). "Um ataque terrorista foi realizado atrás de uma padaria no bairro de Ruknedin", indicou a televisão estatal síria, citando "vítimas civis" e usando a terminologia do regime de Bashar Al-Assad, que chama os rebeldes armados de "terroristas". "Três combatentes (rebeldes) atacaram um posto de polícia", explicou a ONG com sede na Grã-Bretanha e que obtém suas informações a partir de uma rede de ativistas e médicos no terreno.Segundo o OSDH, "disparos e explosões foram ouvidos durante o ataque". Entre os feridos estão "cinco policiais em estado grave", acrescentou a organização, sem especificar a origem das duas explosões. O ministério do Interior indicou, por sua vez, que "três pessoas se explodiram quando tentavam penetrar em um posto de polícia em Ruknedin". Segundo ele, "os terroristas pertenciam à Frente jihadista Al-Nusra. Este ataque se produz em meio a ofensiva do Exército sírio, apoiado pelo movimento xiita libanês do Hezbollah, contra redutos de resistência rebeldes em Damasco e seus arredores.
O jornal al-Waran, próximo ao poder, afirmou neste domingo que o "Exército e as forças de segurança realizam operações entre os bairros de Barzé e Qabun (no noroeste de Damasco)". Também foi registrado a queda de três morteiros na periferia de Jaramana, ao sul da capital. Após uma semana em que a rebelião perdeu terreno, no sábado os principais países que apoiam a oposição, reunidos em Doha, decidiram aumentar sua ajuda aos insurgentes, com o fornecimento de armas para proteger os civis de ataques por parte do regime.
Ao final da reunião, 11 países do grupo dos "Amigos da Síria", entre os quais Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, anunciaram a decisão de "fornecer, com urgência, todos os materiais e equipamentos necessários" à rebelião contra os "ataques brutais" do regime. O grupo de "Amigos da Síria" afirmou que cada país poderá ajudar os insurgentes "a sua maneira", evitando, assim, a sensível questão da ajuda militar direta. Até o momento, a maior parte deste tipo de ajuda aos rebeldes veio da Arábia Saudita e Qatar.
"Ajuda militar canalizada"
Os participantes ressaltaram que "qualquer ajuda militar será canalizada" pelo Exército Sírio Livre (ESL), a principal força de oposição armada, para que não caia nas mãos de grupos extremistas. O ministro das Relações Exteriores do Catar, sheik Hamad Bin Jasem Al Thani, declarou no sábado que os participantes tomaram "decisões secretas" para alterar o equilíbrio de poder na Síria, onde a violência causou mais de 93.000 mortos desde março de 2011, de acordo com as Nações Unidas.
Neste contexto, o presidente francês, François Hollande, declarou neste domingo em Doha, após uma reunião com Al Thani, que a França e o Qatar têm uma "abordagem comum" sobre o conflito sírio, e que o objetivo é "ajudar a oposição a se defender e ganhar posições no terreno, "sem excluir uma solução política".
Hollande também ressaltou a necessidade da oposição "retomar o controle" das regiões tomadas pelos extremistas, considerando que se esses grupos "se beneficiarem no futuro de uma situação de caso, será Assad que usará este pretexto para continuar os massacres". Os "Amigos da Síria" também denunciaram "a intervenção do Hezbollah e de milícias do Irã e do Iraque, que ajudam o regime a reprimir o povo sírio", considerando que esta intervenção estrangeira "ameaça a unidade da Síria" e poderia fazer transbordar o conflito para além das suas fronteiras.
Em contrapartida, o Irã, fiel aliado de Bashar al-Assad, denunciou neste domingo a decisão dos "Amigos da Síria". "Aqueles que apoiam o envio de armas para a Síria são responsáveis pela matança de inocentes e a insegurança na região", disse Hossein Amir-Abdolahian, vice-ministro das Relações Exteriores. "Em vez de enviar armas para a Síria, Washington deveria apoiar o fim da violência e o diálogo nacional para que os sírios decidam o seu futuro", acrescentou.
No sábado, o secretário de Estado americano, John Kerry, ressaltou que seu país continua a apoiar a realização da Conferência Internacional de Paz, Genebra 2, para encontrar uma solução política para o conflito. No entanto, considerou que os rebeldes precisam de mais apoio "para vir a Genebra" e reverter "o desequilíbrio no terreno".