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Ataques mortais em Damasco; ocidentais e árabes reforçam ajuda à oposição

Duas pessoas morreram e várias ficaram feridas na explosão de uma bomba, indicou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos

Agência France-Presse
postado em 23/06/2013 14:51

Damasco - Três ataques atingiram a capital síria neste domingo (23/6), 24 horas depois de uma reunião do grupo dos "Amigos da Síria", que decidiu reforçar seu apoio à rebelião para reverter o equilíbrio de poder no campo de batalha. Em Mazzé 86, bairro habitado por aluítas, ramo do xiismo ao qual pertence o clã do presidente Bashar al-Assad, duas pessoas morreram e várias ficaram feridas na explosão de uma bomba, indicou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

A agência de notícias Sana relatou três mortes, incluindo a de uma criança de três anos. Duas brigadas rebeldes reivindicaram o atentado, afirmando que "enviaram um carro-bomba na pista de milicianos pró-regime". Mais cedo, dois outros ataques nos bairros de Rukneddin e Bab Mussala em Damasco fizeram ao menos oito mortos, segundo o OSDH. O ministério do Interior indicou que onze pessoas morreram, incluindo seis "terroristas", nos ataques. "Três pessoas se explodiram quando tentavam penetrar em um posto de polícia em Ruknedin", explicou o ministério para quem "os terroristas pertenciam à Frente jihadista Al-Nusra.

A Frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, é o principal grupo jihadista que combate na Síria. Em visita a Doha neste domingo, o presidente francês François Hollande ressaltou a necessidade da oposição "retomar o controle" das regiões tomadas pelos extremistas, considerando que se esses grupos "se beneficiarem no futuro de uma situação de caso, será Assad que usará este pretexto para continuar os massacres". Sábado, onze países do grupo dos "Amigos da Síria", entre os quais Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, anunciaram a decisão de "fornecer, com urgência, todos os materiais e equipamentos necessários" à rebelião contra os "ataques brutais" do regime.

O grupo de "Amigos da Síria" afirmou que cada país poderá ajudar os insurgentes "a sua maneira", evitando, assim, a sensível questão da ajuda militar direta. Até o momento, a maior parte deste tipo de ajuda aos rebeldes veio da Arábia Saudita e Qatar. Os participantes ressaltaram que "qualquer ajuda militar será canalizada" pelo Exército Sírio Livre (ESL), a principal força de oposição armada, para que não caia nas mãos de grupos extremistas. O ministro das Relações Exteriores do Qatar, sheik Hamad Bin Jasem Al Thani, declarou no sábado que os participantes tomaram "decisões secretas" para alterar o equilíbrio de poder na Síria, onde a violência causou mais de 93.000 mortos desde março de 2011, de acordo com as Nações Unidas.

Neste contexto, o presidente francês declarou, após uma reunião com Al Thani, que a França e o Qatar têm uma "abordagem comum" sobre o conflito sírio, e que o objetivo é "ajudar a oposição a se defender e ganhar posições no terreno, "sem excluir uma solução política". O secretário de Estado americano, John Kerry, também se reuniu com o emir do Qatar sobre os resultados da reunião em Doha. Os "Amigos da Síria" denunciaram "a intervenção do Hezbollah e de milícias do Irã e do Iraque, que ajudam o regime a reprimir o povo sírio", considerando que esta intervenção estrangeira "ameaça a unidade da Síria" e poderia fazer transbordar o conflito para além das suas fronteiras.

Em contrapartida, o Irã, fiel aliado de Bashar al-Assad, denunciou neste domingo a decisão dos "Amigos da Síria". "Aqueles que apoiam o envio de armas para a Síria são responsáveis pela matança de inocentes e a insegurança na região", disse Hossein Amir-Abdolahian, vice-ministro das Relações Exteriores. "Em vez de enviar armas para a Síria, Washington deveria apoiar o fim da violência e o diálogo nacional para que os sírios decidam o seu futuro", acrescentou.

No sábado, o secretário de Estado americano, John Kerry, ressaltou que seu país continua a apoiar a realização da Conferência Internacional de Paz, Genebra 2, para encontrar uma solução política para o conflito. No entanto, considerou que os rebeldes precisam de mais apoio "para vir a Genebra" e reverter "o desequilíbrio no terreno".

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