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Nove alpinistas estrangeiros são assassinados no Paquistão pelo Talibã

Os mortos são dois chineses, um nepalês e um chinês com nacionalidade norte-americana. Os outros cinco ainda não foram identificados, mas suspeita-se que sejam ucranianos

Agência France-Presse
postado em 23/06/2013 18:08
Islamabad - Nove alpinistas estrangeiros foram mortos a tiros na madrugada deste domingo (23/6) no Himalaia paquistanês, em um ataque sem precedentes nesta região pacífica reivindicado pelo Talibã paquistanês.

Os mortos são dois chineses, um nepalês e um chinês com nacionalidade norte-americana, segundo o ministro paquistanês do Interior, Chaudhry Nisar.

Os outros cinco ainda não tinham sido identificados, mas provavelmente são ucranianos, acrescentou. Também morreu uma guia paquistanesa que acompanhava os insurgentes.

Um porta-voz da embaixada norte-americana em Islamabad confirmou à AFP que uma das vítimas é norte-americana.

O ataque ocorreu em um acampamento de base em Nanga Parbat, a nona montanha mais alta do mundo (8.126 metros), no distrito de Diamer, na província de Gilgit-Baltistan (norte).

"Havia nove estrangeiros e um paquistanês. O incidente ocorreu por volta das 22h00. Eram todos alpinistas", indicou à AFP um oficial da polícia de Diamer, Mohammed Naveed.


O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, imediatamente condenou este ataque, cometido em uma região onde nunca antes havia sido registrado ataques atribuídos a rebeldes islâmicos.

Os rebeldes extremistas, em guerra com as autoridades paquistanesas acusadas de se aliarem aos Estados Unidos, mataram mais de 6.000 pessoas em ataques nos últimos seis anos no Paquistão.

"Tais atos cruéis e desumanos são intoleráveis. Faremos todos os esforços para assegurar que o Paquistão seja um lugar seguro para os turistas", disse o primeiro-ministro Sharif em um comunicado.

O Talibã paquistanês assumiu a autoria deste ataque. O porta-voz do movimento, Ehsanulá Ehsan, declarou à AFP por telefone que o ataque foi em nome de "uma de nossas facções, a Junood ul-Hifa", e que foi realizado para vingar a morte em maio do número dois do Talibã paquistanês, Wali-ur Rehman, em um ataque realizado por um avião não-tripulado (drone) americano.

Junood ul-Hifa é uma nova facção criada pelo Talibã "para atacar os estrangeiros e lançar a todo o mundo a nossa mensagem contra os ataques de aviões não-tripulados", explicou o porta-voz.

Região turística

As primeiras informações oficiais indicavam a morte de dez pessoas no ataque contra os alpinistas.

"Um grupo de homens armados disparou contra eles. Temos a confirmação de que todos morreram", segundo o porta-voz da polícia, Mohamed Maveed.

"Enviamos helicópteros para recuperar os corpos. Há uma operação de busca em curso, todos os pontos de entrada e saída [na região] foram fechados", acrescentou.

A província de Gilgit-Baltistan foi palco, no passado, de ataques sangrentos contra a minoria xiita, mas as regiões turísticas próximas ao Himalaia são consideradas muito seguras.

"A região está isolada nas montanhas. Não há ligação rodoviária e não é acessível, exceto por mula, cavalo ou a pé", indicou o chefe do governo provincial, Syed Mehdi Shah.

O primeiro-ministro Sharif expressou o apoio "do povo e do governo do Paquistão" às famílias das vítimas.

Sharif venceu as eleições legislativas de 11 de maio, 13 anos depois de ter sido deposto por um golpe militar. Esta é a terceira vez que ocupa o cargo.

Durante a campanha eleitoral, Sharif se declarou aberto à ideia de negociações de paz com o movimento do Talibã paquistanês (TTP).

Mas esta proposta parece ter provocado temores no poderoso Exército do país, que combate os rebeldes. Uma vez eleito, Sharif disse que sua prioridade era acabar com os disparos dos drones americanos, que atacam os talibãs e seus aliados da Al-Qaeda no noroeste do país, muitas vezes causando vítimas entre os civis.

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