Agência France-Presse
postado em 30/06/2013 17:35
O presidente americano, Barack Obama, em viagem oficial à África do Sul, desembarcou neste domingo na Cidade do Cabo, onde visitou Robben Island, a ilha-prisão na qual o líder da luta contra o apartheid Nelson Mandela, atualmente hospitalizado em estado crítico, ficou detido por 18 anos.
Obama também fez um importante discurso a estudantes universitário e prometeu a ajuda de seu país em vários setores do continente. Na emotiva visita à ilha-prisão, Obama expressou sua profunda humildade por conhecer um local de importância tão histórica.
[SAIBAMAIS]"Em nome de minha família, quero expressar um sentimento de profunda humildade por estar em um lugar onde as pessoas de semelhante coragem enfrentaram a injustiça e se negaram a se render", escreveu o presidente americano no livro de visita, o qual assinou junto à esposa Michelle.
"O mundo agradece aos heróis de Robben Island, que nos recordam que não existem grilhões ou celas que possam igualar a força do espírito humano", escreveu anda.
Durante a visita, Obama estava acompanhado por sua esposa Michelle e suas duas filhas, Sasha e Malia. A família presidencial foi guiada por Ahmed Kathrada, de 84 anos e ex-companheiro de prisão de Mandela, que em 1964 foi condenado à prisão perpétua.
O grupo percorreu diversas partes do complexo, onde 34 dirigentes da luta contra o ;apartheid;, incluindo Mandela, passaram anos de trabalhos nas pedreiras.
O presidente inclusive passou alguns momento junto à janela com barras de ferro da cela onde Mandela passou a maior parte de seus 27 anos de prisão.
O primeiro presidente negro da África do Sul passou seis semanas detido em Robben Island em 1963 e depois quase 18 anos entre julho de 1964 e março de 1982. Depois foi transferido para outras penitenciárias perto da Cidade do Cabo.
Em fevereiro de 1990 foi libertado, depois de passar 27 anos nas prisões do regime racista do apartheid.
Na véspera, falando na Universidade de Soweto, Obama pediu à juventude africana que se inspire na vida de Nelson Mandela para superar as dificuldades da vida. "Pensem em 27 anos de prisão. Pensem nos sofrimentos, nos conflitos e na distância da família e dos amigos", afirmou Obama.
"Houve alguns momentos sombrios que testaram sua fé na humanidade, mas ele jamais desistiu. Em sua vida, haverá momentos que testarão sua fé", enfatizou.
Uma cúpula inédita
Depois da visita a Robben Island, o presidente americano se reuniu com o ex-arcebispo anglicano da Cidade do Cabo e, como ele, prêmio Nobel da Paz, Desmond Tutu, de 81 anos, no centro que fundou para ajudar os jovens seropositivos.
Obama também pronunciou o principal discurso de seu giro africano na Universidade da Cidade do Cabo (UCT), onde o senador Robert Kennedy incitou, em um discurso que passou para a História, aos opositores do apartheid a levantarem-se contra a opressão.
No discurso, Obama pediu novamente aos jovens estudantes que se inspirem em Mandela e seus companheiros de luta. "Eles dizem que suas vozes são importantes (...) que suas decisões podem fazer diferença", afirmou. "Mandela, você nos mostrou que um prisioneiro pode virar presidente", afirmou.
Obama também convidou os dirigentes da África subsaariana a uma cúpula em Washington, em 2014, para "abrir um novo capítulo nas relações entre os Estados Unidos e a África".
"A África toma a iniciativa e os Estados Unidos ajudam", explicou, advertindo aos líderes africanos que, "em muitos países, as ações dos bandidos, dos senhores da guerra e dos traficantes de seres humanos impidem que a África concretize suas promessas".
"A história nos demonstrou que o progresso só é possível quando os governos servem a seu provo e não o contrário", enfatizou, em meio a muitos aplausos.
Rede elétrica da África
Obama também anunciou um projeto de 7 bilhões de dólares para melhorar a rede elétrica em vários países africanos.
Mais de 2/3 da população da África subsaariana vivem sem eletricidade, e mais de 85% da população rural não tem acesso à luz, indicou a presidência americana.
Acompanhado por uma importante delegação de empresários, Obama ficará na África durante uma semana, em um giro que, depois do Senegal e da África do Sul, o levará à Tanzânia.
Obama chegou na sexta-feira à África do Sul e, apesar de não visitar Mandela no hospital, se reuniu com duas das três filhas do ex-presidente sul-africano e com oito de seus 17 netos.
O presidente americano também telefonou para Graça Machel, esposa há 15 anos de Mandela.
Desde quinta-feira, quando o país esperava pelo pior, o estado de Mandela registrou leve melhora, mas a presidência ainda não emitiu um novo comunicado a respeito de seu estado de saúde.