Agência France-Presse
postado em 01/07/2013 13:45
Roma - O prelado da Santa Sé detido sexta-feira (28/6) pela polícia italiana como parte de uma investigação da justiça sobre o Instituto para as Obras de Religião (IOR), o banco do Vaticano, negou as acusações de lavagem de dinheiro e corrupção que pesam contra ele. Nunzio Scarano, um padre nomeado "monsenhor", título de honra concedido apenas por seu tempo na Santa Sé, de 61 anos, "reafirmou sua moralidade e disponibilidade para cooperar com as autoridades italianas", indicaram seus advogados, citados pela imprensa.
[SAIBAMAIS]"Ele se defendeu e nós pedimos que sua detenção seja em domicílio, ou em um local onde ele possa celebrar a missa", declararam Francesco Caroleo Grimaldi, Silverio Sica e Luca Paternostro, após uma reunião de três horas com o seu cliente junto com a juíza Barbara Callari. Nunzio Scarano trabalhava como contador na Administração do Patrimônio da Sede Apostólica (APSA), organismo que administra os bens da Santa Sé. Segundo a Promotoria, ele e outras duas pessoas - um suboficial membro do Serviço de Informação e Segurança do Ministério do Exterior e um intermediário financeiro - tentaram repatriar da Suíça 20 milhões de euros, "fruto de uma fraude fiscal".
Scarano "não está bem, está estressado e tem dormido mal", indicaram seus advogados. Este caso faz parte de uma ampla investigação iniciada pela justiça italiana em setembro de 2010 contra o então presidente do IOR Ettore Gotti Tedeschi e o diretor geral da época Paolo Cipriani. Os dois são acusados de violação da lei contra a lavagem de dinheiro. Dezenas de milhões de euros foram bloqueados na investigação, que provocou, entre outras medidas, a destituição da direção do IOR. Ao longo dos anos, diversos escândalos mancharam a reputação do IOR, já que grupos criminosos aproveitaram o anonimato ou testas-de-ferro para lavar dinheiro.
O Papa Bento XVI e seu sucessor Francisco decidiram limpar o IOR, nomeando novos responsáveis e instaurando medidas de controle mais severas. O banco do Vaticano administra 19.000 contas pertencentes, em sua maioria, ao clero católico, o que representa quase sete bilhões de euros, que incluem tanto pessoas de menor hierarquia, como bispos, cardeais e alguns diplomatas, assim como as transferências de dinheiro das congregações religiosas.