BERLIM - chanceler alemã, Angela Merkel, em campanha eleitoral, recebeu nesta quarta-feira vários sócios europeus para falar do desemprego entre os jovens, que se transformou em uma de suas prioridades.
O encontro, do qual participaram todos os ministros de Emprego da União Europeia, 18 chefes de Estado e de governo e muitas personalidades europeias, permitiu alcançar uma posição comum sobre outro assunto: o começo das negociações comerciais com os Estados Unidos, que foi objeto de divergências entre Berlim e Paris.
Foi decidido que, apesar das revelações de espionagem dos norte-americanos, as negociações começarão na próxima semana como previsto.
No que diz respeito ao desemprego dos jovens - "a prioridade mais urgente" na Europa neste momento, segundo o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso - os participantes afirmaram que obtiveram avanços e concordaram em se reunir novamente em Paris em novembro.
"Queremos pressionar um pouco, criamos expectativas", disse Merkel em coletiva de imprensa.
"Temos a obrigação de avançar, uma obrigação de (obter) resultados", disse o presidente francês, François Hollande, enquanto o presidente do Parlamento europeu, Martin Schulz, previu que, se não forem cumpridas as promessas sobre o emprego, a Europa se expõe a uma "ruptura sistêmica".
Os responsáveis europeus falaram de formação, do acesso ao crédito pelas pequenas e médias empresas, da mobilidade dos jovens, assim como da melhor forma de utilizar os fundos europeus disponíveis. Trata-se de uma "troca de boas práticas", que permitirá aos países afetados se inspirar no que os outros fazem. A Áustria, Dinamarca e Holanda explicaram seus modelos.
Os 27 países da UE concordaram, na semana passada, a desbloquear rapidamente 6 bilhões de euros adicionais para lutar contra o desemprego, que, em alguns países, alcança níveis dramáticos, mas a UE tem muitos outros meios à disposição, informou a chanceler, em particular os fundos sociais e estruturais europeus.
O Banco Europeu de Investimentos vai reforçar seu programa de créditos às Pequenas e Médias Empresas, declarou a ministra do Emprego alemã, Ursula von der Leyen.
O rival social-democrata de Merkel na corrida pela chancelaria, Peer Steinbrück, a acusou de "fazer campanha eleitoral à custa de 6 milhões de desempregados".
"Tudo o que faz, está relacionado a princípios e realidades eleitorais", "mas sempre tem o compromisso de fazer com que a Europa avance".
Merkel também quer restaurar a imagem da Alemanha, vista no sul da Europa como a responsável direta pela miséria econômica, por sua intransigência na recuperação das finanças públicas.
Vários sindicatos europeus quiseram fazer suas vozes serem ouvidas, organizando uma manifestação próximo à chancelaria.
"Já que conseguiram encontrar soluções para os bancos, hoje, cabe a eles encontrar soluções para os jovens", disse Emilie Trigo, que representava o sindicato francês Unsa em uma manifestação organizada por vários sindicatos europeus próximo da chancelaria, da qual participaram 300 jovens de toda a Europa.
A presidente lituana, Dalia Grybauskaité, cujo país preside desde segunda-feira a UE, alertou sobre a "dimensão social" deste drama, que só pode ser "resolvido pelos governos nacionais".
Grybauskaité quer evitar a qualquer preço que "alguns governos tenham uma desculpa para não fazer nada ao pensar que a Europa vai lhe ajudar".