Agência France-Presse
postado em 03/07/2013 20:13
Cairo - O Exército egípcio, que derrubou o presidente islamita Mohamed Mursi do poder nesta quarta-feira à noite, substituindo-o pelo presidente do Conselho Constitucional, envolveu-se diretamente em várias ocasiões na gestão do país desde a queda do ex-presidente Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.--2011--
- 11 fev: O Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), dirigido pelo ministro da Defesa Mohamed Hussein Tantawi, é encarregado de "administrar os negócios do país" pelo presidente Mubarak, cassado após 18 dias de revolta popular.
No dia 12, o Exército promete uma "transição pacífica" para "um poder civil eleito" e se compromete a respeitar os tratados internacionais assinados pelo Egito. Em seguida, começa a desmantelar as instituições do antigo regime, anunciando a dissolução do Parlamento e a suspensão da Constituição.
- 24 nov: O Exército volta a descartar a hipótese de uma saída imediata do poder, e as autoridades militares alegam que isso seria "trair o povo".
Milhares de egípcios ocupam a emblemática Praça Tahrir por mais de uma semana, para exigir a saída do CSFA do poder, e acusam o conselho de querer perpetuar a política de repressão do regime deposto. O saldo é de 42 mortos em cinco dias.
--2012--
- 17 jun: O CSFA atribuiu para si amplas prerrogativas, entre elas o Poder Legislativo, depois do fim da votação na primeira eleição presidencial na era Pós-Mubarak.
No dia 14, a Alta Corte Constitucional declarou "ilegal" o Parlamento dominado pelos islamitas, em razão de vício na lei eleitoral.
- 12 ago: O islamita Mohamed Mursi, que venceu o segundo turno da eleição presidencial ao derrotar Ahmed Shafiq, considerado candidato do Exército, reforça consideravelmente seus poderes. Ele passa à reserva o marechal Tantawi e anula as amplas prerrogativas políticas do Exército. Além disso, recupera para si o poder legislativo que estava nas mãos de um colegiado de generais desde junho.
Um outro membro do CSFA, general Abdel Fattah al-Sissi, chefe da inteligência militar, substitui o marechal Tantawi.
--2013--
- 29 jan: O general Sissi declara que "a continuação do conflito entre as forças políticas e suas divergências sobre a gestão do país podem levar a um colapso do Estado".
Eclodem confrontos violentos entre manifestantes e policiais, no momento do segundo aniversário do início da revolta contra Mubarak, em 25 de janeiro de 2011. Os enfrentamentos são marcados por uma profunda insatisfação contra o atual chefe de Estado. São mais de 60 mortos em uma semana.
- 24 jun: O ministro da Defesa declara que "as Forças Armadas têm o dever de intervir para impedir o Egito de mergulhar em um conflito", na véspera do primeiro aniversário da eleição de Mursi. Os líderes da oposição já reivindicam a renúncia do presidente.
- 1; jul: O Exército dá um ultimato de 48 horas a Mohamed Mursi para que "atenda às reivindicações do povo". Em protestos em massa, a população vai às ruas pela saída de Mursi.
- 3 jul: Termina o prazo dado a Mursi pelo Exército.
À noite, o Exército derruba o presidente Mursi, substituindo-o pelo presidente do Conselho Constitucional até a realização de uma eleição presidencial antecipada. A Constituição fica suspensa, conforme anúncio do chefe do Exército Abdel Fattah al-Sissi, em pronunciamento pela televisão. Após ser confrontado ao longo de sua presidência por uma contestação popular que atingiu seu apogeu nos últimos dias, Mursi denuncia um "amplo golpe de Estado".