Agência France-Presse
postado em 04/07/2013 23:17
Cochabamba - Os presidentes de Argentina, Bolívia, Equador, Uruguai, Venezuela e Suriname iniciaram na noite desta quinta-feira, na cidade boliviana de Cochabamba, a reunião informal para analisar o fechamento do espaço aéreo de vários países europeus ao avião do presidente boliviano, Evo Morales, na terça-feira passada."Bem-vindos presidentes de Argentina, Equador, a delegação do Brasil, também os presidentes de Venezuela, Uruguai e Suriname", disse Morales ao abrir o encontro provocado pelo fechamento temporário do espaço aéreo de Portugal, França, Itália e Espanha por suspeitas de que o avião presidencial boliviano transportava o ex-consultor de inteligência Edward Snowden, considerado foragido pelo governo dos EUA por vazar documentos secretos.
Morales questionou, especialmente, a atuação do embaixador espanhol na Áustria - onde fez um pouso de emergência -, que exigiu revistar o avião presidencial para autorizar seu acesso ao espaço aéreo espanhol.
Antes do início da reunião em Cochabamba, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou que a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) foi a responsável pelo fechamento do espaço aéreo ao avião de Morales, que realizava o trajeto Moscou-La Paz.
Maduro revelou que quando estava na Belarus foi informado de que o avião de Morales havia pousado de emergência em Viena, e decidiu realizar telefonemas para saber o que havia ocorrido. Em um destes telefonemas a Portugal, França, Itália e Espanha "um ministro nos disse pessoalmente que iriam pedir desculpas porque foram surpreendidos e informados pela CIA de que Snowden estava a bordo".
Morales informou que "vai estudar e, se for necessário, fechar a embaixada dos Estados Unidos na Bolívia".
"Não tremeria a mão para fechar a embaixada dos Estados Unidos, temos dignidade, soberania, e sem os Estados Unidos estamos melhor politicamente, democraticamente", afirmou Morales, que em 2008 expulsou o embaixador dos EUA por conspirar contra seu governo.
Na noite de terça-feira, o avião de Morales foi afetado pelo fechamento temporário do espaço aéreo dos quatro países europeus por suspeitas de que transportava o ex-consultor de inteligência Edward Snowden, considerado foragido pelo governo dos EUA por vazar documentos secretos.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, exigiu em Cochabamba uma desculpa pública dos governos europeus que negaram a autorização de voo sobre seu espaço aéreo a Evo Morales.
"Quero pedir a vocês - muito serena, mas muito seriamente -, que violaram o direito, que se retratem e assumam os erros cometidos, que peçam perdão alguma vez na sua vida pelo que fizeram".
"No sul, fomos ensinados desde pequenininhos a reconhecer quando cometermos um erro, ou algum equívoco, ou pelo menos a pedir desculpas a quem ofendemos", acrescentou Cristina Kirchner.
Da reunião na Bolívia em apoio a Evo Morales também participam os presidentes Rafael Correa (Equador), José Mujica (Uruguai) e Dési Bouterse (Suriname).