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Papa defende em sua primeira encíclica a união estável entre homem e mulher

O documento foi divulgado pelo Vaticano nesta sexta-feira em vários idiomas, incluindo o português

Agência France-Presse
postado em 05/07/2013 07:51
A edição francesa da primeira encíclica do do papa Francisco, intitulada

Cidade do Vaticano -
A primeira encíclica da história escrita "a quatro mãos" por dois papas, Francisco e Bento XVI, com o título "Lumen fidei" ("A luz da fé"), foi apresentada nesta sexta-feira (5/7) pelo Vaticano. Iniciada por Bento XVI, este texto de 85 páginas foi retomado, completado e assinado por Francisco. Francisco afirma que a fé é "o bem comum" e reitera a oposição do Vaticano ao casamento gay. Ele também argumenta que a fé continua a ser relevante, frente ao sentimento generalizado, principalmente nas sociedades ocidentais, de que é uma coisa do passado, uma "ilusão". Jorge Bergoglio defende o contrário, que a fé ilumina "o presente".

"Neste texto, o papa faz um apelo aos fiéis para que "não sejam arrogantes", mas "abertos ao diálogo", incluindo com aqueles que não creem. "A fé não é intransigente, ela cresce em um ambiente de convivência de respeito ao outro". A carta papal, dirigida tanto aos bispos e religiosos de todo o mundo como aos laicos, dedica o quarto capítulo à relação entre a fé e o bem comum.



Esta é a primeira encíclica da história do catolicismo escrita por dois pontífices, já que Bento XVI iniciou a redação antes de renunciar ao pontificado em fevereiro. Ao texto original elaborado pelo papa emérito, Francisco acrescentou "algumas contribuições", explicou o Vaticano. "Ele havia completado praticamente uma primeira redação desta Carta encíclica sobre a fé. Eu agradeço a ele de coração e, na fraternidade de Cristo, assumo seu precioso trabalho, acrescentando ao texto algumas contribuições", afirma Francisco na introdução.

Papa Francis saúda o papa Emérito Bento XVI durante a inauguração da estátua de São Miguel nos jardins do Vaticano

Os dois pontífices se encontraram na manhã desta sexta, nos jardins do Vaticano durante a inauguração de uma nova estátua de bronze do arcanjo São Miguel. Jorge Bergoglio abraçou com afeição Joseph Ratzinger, que o convidou pessoalmente a esta cerimônia, uma maneira de homenagear o dia da publicação da encíclica. Nenhuma divergência doutrinária separa os dois papas que coabitam no pequeno Estado.

A encíclica, considerada o documento mais importante que um papa escreve durante o pontificado, foi traduzida para vários idiomas, entre eles espanhol, italiano, francês, inglês, alemão e português, e é uma ampla reflexão sobre a fé no mundo moderno. Nela o Vaticano reitera que o casamento é a "união estável entre um homem e uma mulher". Esta união "nasce do amor, do reconhecimento e aceitação deste bem que é a diferença sexual pela qual os cônjuges podem se unir em uma só carne e são capazes de gerar uma nova vida", escreve o papa em uma nova rejeição categórica ao casamento gay.

[SAIBAMAIS]A encíclica também rejeita o fundamento da laicidade, afirmando que "a fé não é algo privado, um conceito individual ou uma opção", mas "um bem para todos, um bem comum". "A tendência de confinar a fé à vida privada é rejeitada pacificamente, mas de maneira definitiva", revelou o cardeal Marc Ouellet na apresentação.

No texto também são tratados temas como a "solidariedade", "a justiça, o direito, a paz", "a fraternidade universal" e a fé que "não nos deixa esquecer os sofrimentos do mundo". "A fé [...] torna forte os laços entre os homens e se põe a serviço concreto da justiça, do direito e da paz" e "não é alheio ao compromisso concreto do homem contemporâneo", escreveu o papa. "Este texto tem muito do papa Bento e tudo do papa Francisco", resumiu o arcebispo Rino Fisichella, presidente do conselho pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.

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