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Snowden permanece em Moscou à espera de um país que conceda asilo

O técnico de informática, que revelou a existência de um programa americano de espionagem em grande escala, provocou outra grande crise, desta vez diplomática, durante a semana

Agência France-Presse
postado em 05/07/2013 08:51
Moscou - O ex-consultor informático americano da Agência de Segurança Nacional (NSA), Edward Snowden, permanecia nesta sexta-feira (5/7) bloqueado na zona de trânsito do aeroporto de Moscou à espera da concessão de asilo político por algum país. A situação de Snowden, procurado pelos Estados Unidos por espionagem, continua inalterada, seis dias depois de ter enviado pedidos de asilo a 21 países e quase duas semanas depois de chegar à Rússia.

O técnico de informática, que revelou a existência de um programa americano de espionagem em grande escala, provocou outra grande crise, desta vez diplomática, durante a semana

"O risco de ver Snowden bloqueado em Moscou por tempo indeterminado é cada vez maior", considera Maria Lipman, da filial moscovita do Centro Carnegie. França e Itália anunciaram na quinta-feira que não concederão asilo, assim como Alemanha, Brasil, Noruega, Índia, Polônia, Islândia, Áustria, Finlândia, Holanda e Espanha. Ao mesmo tempo, a diplomacia russa indicou nesta sexta-feira que não pretende fazer mais comentários sobre o caso cada vez mais embaraçoso. "Não temos mais comentários sobre este tema", respondeu o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Alexander Lukashevich.
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Na véspera, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov, havia afirmado que Moscou não pode influenciar a situação de Snowden, que desistiu de pedir asilo a Moscou depois que o presidente Vladimir Putin exigiu o fim da revelações que "prejudicam" os Estados Unidos. O técnico de informática, que revelou a existência de um programa americano de espionagem em grande escala, provocou outra grande crise, desta vez diplomática, durante a semana. O avião do presidente boliviano Evo Morales, que retornava a La Paz após uma visita a Moscou - onde se declarou disposto a analisar um pedido de asilo de Snowden - teve que fazer uma escala de 13 horas em Viena, depois que vários países europeus fecharam o espaço aéreo pela suspeita de que Snowden estava na aeronave.

[SAIBAMAIS]O incidente provocou uma importante crise diplomática entre Europa e América Latina, que manifestou solidariedade em bloco a Morales. O presidente boliviano acusa os Estados Unidos de terem pressionado França, Espanha, Portugal e Itália para que proibissem a passagem de seu avião por seu espaço aéreo e ameaçou fechar a embaixada dos Estados Unidos em La Paz. A Bolívia, apoiada por aliados regionais, como Equador, Suriname, Argentina, Uruguai e Venezuela, exigiu desculpas públicas e explicações. No entanto, nesta sexta-feira o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo, pediu calma com o objetivo de retomar a normalidade das relações e negou que seu país vá pedir desculpas à Bolívia.

Segundo o chanceler espanhol, a Espanha não fechou o espaço aéreo ao avião presidencial boliviano, e por isso "não tem que pedir nenhuma desculpa à Bolívia", como exigiram vários presidentes sul-americanos que se reuniram na quinta-feira de urgência em Cochabamba (Bolívia). Já a ministra da Transparência da Bolívia, Nardi Suxo, exigiu medidas contra o embaixador espanhol na Áustria que, segundo Morales, pediu para tomar um café no avião com a intenção de inspecionar se Snowden estava a bordo.

Na semana passada, Snowden revelou à imprensa novas informações sobre a existência de um programa de espionagem americano de cidadãos e representantes da União Europeia, que provocou uma crise com os europeus e ameaças de adiar o início das negociações sobre um tratado de livre comércio transatlântico. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, anunciou na quarta-feira que as negociações começarão no dia 8 de julho, mas que, paralelamente, grupos de trabalho estão estudando o alcance da espionagem dos Estados Unidos.

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