Agência France-Presse
postado em 08/07/2013 16:19
PARIS - Os disparos de soldados e policiais egípcios contra manifestantes favoráveis ao presidente egípcio, Mohamed Morsy , nesta segunda-feira (8/7) no Cairo, deixaram mais de 50 mortos e foram classificados pela Irmandade Muçulmana como um "massacre". O episódio preocupa vários países, que temem um retrocesso na caminhada do Egito rumo à democracia.O presidente egípcio interino, Adly Mansour, ordenou a abertura de uma investigação sobre esses atos de violência que ocorreram durante um protesto de partidários do governante deposto no Cairo, no momento em que rezavam diante da sede da Guarda Republicana.
A Irmandade Muçulmana convocou um "levante" contra "aqueles que estão tentando roubar sua revolução com tanques".
Washington pediu que o Exército tenha "o máximo de moderação" e condenou os chamados à violência da Irmandade Muçulmana.
"A estabilidade e o funcionamento democrático do Egito estão em jogo", declarou a porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psaki. A porta-voz da Casa Branca afirmou também que não haverá cortes imediatos na ajuda militar dos Estados Unidos ao Egito.
A UE pediu que todas as partes "evitem as provocações ou a escalada da violência".
"Todos aqueles que reivindicam a legitimidade devem agir de maneira responsável para o bem do país", declarou em um comunicado um porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.
"Nós condenamos e lamentamos a violência. Exigimos que o processo político (no Egito) seja pacífico", havia dito em um primeiro momento Michael Mann, porta-voz de Ashton, manifestando "a grande preocupação" da comunidade europeia.
Alemanha: o ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, pediu uma investigação rápida por "uma autoridade independente". Ele manifestou a "grande preocupação" da Alemanha.
A Turquia chamou de "massacre" o ataque a tiros de soldados e policiais egípcios contra manifestantes pró-Morsy.
"Condeno com veemência esse massacre, durante as orações da manhã, em nome dos valores fundamentais da Humanidade que nós sempre defendemos", escreveu o ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, em uma mensagem no Twitter.
"O Egito representa a esperança das aspirações crescentes à democracia no Oriente Médio, e a Turquia será sempre solidária ao povo egípcio", acrescentou.
O Irã considerou "inaceitável e inquietante" a intervenção das Forças Armadas nos assuntos políticos egípcios.
O porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, considerou que "a bipolarizção da sociedade egípcia" é "perigosa" e alertou para "os ocidentais e o regime sionista" (Israel) que não "querem um Egito forte".
O Catar, principal aliado da Irmandade Muçulmana, denunciou com força "atos lamentáveis".
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores exortou as autoridades egípcias a "protegerem os manifestantes pacíficos e seu direito a se manifestar" e a "preservar as conquistas da revolução de 25 de janeiro de 2011", que provocou a queda de Hosni Mubarak e levou à vitória dos islamitas nas eleições de 2012.
No Iêmen, milhares de manifestantes convocados pelo partido islamita expressaram sua "solidariedade" ao presidente egípcio destituído.
No Sudão, cerca de 200 islamitas sudaneses se manifestaram diante da embaixada do Egito em Cartum. "Estamos com o presidente legal do Egito", estava escrito em uma faixa.
O movimento islamita palestino Hamas, no poder em Gaza, condenou "o massacre de dezenas de civis egípcios pacíficos". Em um comunicado, "manifesta sua profunda dor e pede que o sangue do povo egípcio seja poupado".
Mauritânia: um grupo de partidos de oposição comparou o presidente mauritano, Mohamed Ould Abdel Aziz, ao general egípcio Abdel Fattah al-Sissi, acusando o mandatário de atacar a democracia, da mesma forma que o Exército egípcio.
Jordânia: a Frente de Ação Islâmica (FAI), braço político da Irmandade Muçulmana e principal força da oposição na Jordânia, pediu que o povo egípcio "mantenha suas manifestações para (...) restituir o presidente eleito".