Agência France-Presse
postado em 08/07/2013 20:02
MONTEVIDÉU - O americano Edward Snowden, procurado por espionagem pelos Estados Unidos, deve ocupar o centro dos debates da cúpula do Mercosul, na próxima sexta-feira (12/7), depois que a Venezuela, último país a integrar o bloco, e a Bolívia, em processo de adesão, manifestaram sua disposição em conceder asilo político para o ex-consultor de inteligência.
Embora o tema não esteja na agenda da cúpula, é provável que seja abordado pelos presidentes de Argentina, Brasil, Uruguai, Venezuela e Bolívia, admitiu à AFP uma fonte da Presidência uruguaia.
Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil (1995-2001) afirmou que, "seguramente, isto vai ser um destaque na agenda porque todos os temas políticos têm agora a prioridade".
No fim de semana, Venezuela, Bolívia e Nicarágua desafiaram abertamente os Estados Unidos ao oferecer asilo a Snowden, que depois de vazar um programa dos serviços de inteligência americanos para espionar chamadas telefônicas e comunicações pela internet, está bloqueado há duas semanas no aeroporto de Moscou.
[SAIBAMAIS]Nesta segunda-feira (8/7), o embaixador da Nicarágua na Rússia afirmou que Snowden tinha enviado um pedido de asilo que já havia sido transmitido à Nicarágua para que o presidente Daniel Ortega o examinasse.
Governos latino-americanos reagiram indignados depois que, na semana passada, houve um grande mal-estar diplomático com quatro países europeus que proibiram a entrada em seu espaço aéreo do avião do presidente boliviano, Evo Morales, procedente da Rússia, por suspeitas de que Snowden estivesse viajando nele.
Morales recebeu o apoio do Mercosul e da Unasul, assim como o forte respaldo de seus colegas de Argentina, Bolívia, Equador, Suriname, Uruguai e Venezuela, que viajaram à Bolívia para uma reunião de emergência para a qual Brasil, Peru, Chile, Colômbia e Guiana enviaram representantes.
Agora, a Bolívia -que assinou em dezembro a sua entrada no bloco, mas ainda precisa da ratificação dos parlamentos de cada membro para concluir a adesão- espera um apoio explícito a seu presidente.
"O Mercosul é um organismo internacional que não tem nenhum tipo de mecanismo de coação que obrigue os países europeus a se desculpar", por isso "espera-se um pronunciamento de apoio a Morales", disse à AFP Carlos Cordero, professor da Universidade de La Paz.
Para o analista político boliviano, "Morales transformou um incidente infeliz de tráfego aéreo em uma crise diplomática e a crise diplomática em um êxito político que reforça a solidariedade de países e, internamente, o repúdio e mal-estar de muitos bolivianos e relação à União Europeia".
Cordero acrescentou que, com o incidente, o mandatário boliviano "deu um passo adiante para ocupar a liderança deixada por Hugo Chávez, e o presidente boliviano, em nível continental, está um passo à frente de figuras como (o equatoriano Rafael) Correa ou Lula. Ganhou um espaço próprio de liderança continental".
Em troca, Lampreia acredita que o incidente dará crédito a Morales apenas em seu país.
"Foi um ato injusto e desnecessário, mas isso o valoriza com os bolivianos, para fins políticos eleitorais", disse à AFP este que é atualmente vice-presidente emérito do Conselho Curador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
"Em termos internacionais, é uma coisa passageira", afirmou.
Embora o tema não esteja na agenda da cúpula, é provável que seja abordado pelos presidentes de Argentina, Brasil, Uruguai, Venezuela e Bolívia, admitiu à AFP uma fonte da Presidência uruguaia.
Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil (1995-2001) afirmou que, "seguramente, isto vai ser um destaque na agenda porque todos os temas políticos têm agora a prioridade".
No fim de semana, Venezuela, Bolívia e Nicarágua desafiaram abertamente os Estados Unidos ao oferecer asilo a Snowden, que depois de vazar um programa dos serviços de inteligência americanos para espionar chamadas telefônicas e comunicações pela internet, está bloqueado há duas semanas no aeroporto de Moscou.
[SAIBAMAIS]Nesta segunda-feira (8/7), o embaixador da Nicarágua na Rússia afirmou que Snowden tinha enviado um pedido de asilo que já havia sido transmitido à Nicarágua para que o presidente Daniel Ortega o examinasse.
Governos latino-americanos reagiram indignados depois que, na semana passada, houve um grande mal-estar diplomático com quatro países europeus que proibiram a entrada em seu espaço aéreo do avião do presidente boliviano, Evo Morales, procedente da Rússia, por suspeitas de que Snowden estivesse viajando nele.
Morales recebeu o apoio do Mercosul e da Unasul, assim como o forte respaldo de seus colegas de Argentina, Bolívia, Equador, Suriname, Uruguai e Venezuela, que viajaram à Bolívia para uma reunião de emergência para a qual Brasil, Peru, Chile, Colômbia e Guiana enviaram representantes.
Agora, a Bolívia -que assinou em dezembro a sua entrada no bloco, mas ainda precisa da ratificação dos parlamentos de cada membro para concluir a adesão- espera um apoio explícito a seu presidente.
"O Mercosul é um organismo internacional que não tem nenhum tipo de mecanismo de coação que obrigue os países europeus a se desculpar", por isso "espera-se um pronunciamento de apoio a Morales", disse à AFP Carlos Cordero, professor da Universidade de La Paz.
Para o analista político boliviano, "Morales transformou um incidente infeliz de tráfego aéreo em uma crise diplomática e a crise diplomática em um êxito político que reforça a solidariedade de países e, internamente, o repúdio e mal-estar de muitos bolivianos e relação à União Europeia".
Cordero acrescentou que, com o incidente, o mandatário boliviano "deu um passo adiante para ocupar a liderança deixada por Hugo Chávez, e o presidente boliviano, em nível continental, está um passo à frente de figuras como (o equatoriano Rafael) Correa ou Lula. Ganhou um espaço próprio de liderança continental".
Em troca, Lampreia acredita que o incidente dará crédito a Morales apenas em seu país.
"Foi um ato injusto e desnecessário, mas isso o valoriza com os bolivianos, para fins políticos eleitorais", disse à AFP este que é atualmente vice-presidente emérito do Conselho Curador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
"Em termos internacionais, é uma coisa passageira", afirmou.