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FMI corta previsão de crescimento mundial e alerta países emergentes

Países emergentes como Brasil e Rússia foram alertados sobre risco crescente de desaceleração

Agência France-Presse
postado em 09/07/2013 18:39

O FMI reduziu nesta terça-feira (9/7) suas previsões de crescimento mundiais e alertou sobre o risco crescente de desaceleração em países emergentes chaves como Brasil, Rússia ou China, relegando a segundo plano a crise na zona do euro.

"Apareceram novos riscos, em particular de um maior período de desaceleração do crescimento de economias emergentes", resumiu o Fundo Monetário Internacional ao atualizar suas previsões. Esses riscos aumentaram, enfatizou.

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O aumento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve se estabilizar em relação a 2012 e se situar este ano em 3,1%, em queda de 0,2 ponto em relação às projeções de abril, se recuperando depois, em 2014, mais modestamente que o estimado, a 3,8% (-0,2 ponto sobre abril), segundo as novas estimativas do organismo.


A instituição multilateral destaca que o crescimento foi afetado por uma crescente volatilidade nos mercados financeiros e taxas de juros em alta nas economias avançadas depois do último relatório sobre as Perspectivas da Economia Mundial (PEM), publicado em abril.

"As economias dos mercados emergentes em geral foram as mais afetadas. Os recentes aumentos das taxas de juros nas economias avançadas e volatilidade nos preços dos ativos, combinados com uma atividade doméstica mais frágil provocaram algumas fugas de capitais" entre outras consequências como a desvalorização das moedas locais, disse o Fundo.

Para o Brasil, que foi cenário de mobilizações sociais populares sem precedentes há duas semanas, o FMI espera um crescimento em menor escala: a maior economia latino-americana deve alcançar uma expansão do PIB de 2,5% em 2013 e 3,2% em 2014, cortes que representam 0,5 e 0,8 ponto respectivamente em relação às previsões do organismo em abril.

No final de junho, o Banco Central brasileiro reduziu sua própria previsão de expansão do PIB para 2013 de 3,1% a 2,7%, e elevou da inflação para o ano a 6%, em novos cortes que mostram uma difícil conjuntura. O mercado espera um crescimento ainda menor, de 2,34% para este ano, segundo a última pesquisa divulgada na sexta-feira.

Já em 2012 o crescimento brasileiro foi muito fraco, de apenas 0,9% sobre 2011.

O FMI também revisou fortemente para baixo o crescimento na Rússia, em 0,9 ponto, a 2,5%; para a África do Sul (0,8 ponto a 2,0%) e, em menor medida, para a China (0,3 ponto a 7,8%).

Depois de anos de sólido crescimento, o BRICS (como é conhecido o grupo completado pela Índia) começam a desacelerar, disse o economista chefe do FMI, Olivier Blanchard, durante uma coletiva de imprensa.

O Fundo destacou uma atividade econômica "mais fraca" nesses países, uma "saturação" de sua infraestrutura e o impacto da queda dos preços das matérias-primas sobre suas exportações.

Os fluxos de capitais que chegaram a alguns desses mercados poderiam mudar de destino se terminar o plano de estímulos do Federal Reserve norte-americano (que mantém em um nível mínimo as taxas de juros e voltou a esses países emergentes mais atrativos para aplicações financeiras de curto prazo), segundo as conclusões do FMI.

"Uma política monetária flexível pode ser a primeira linha de defesa contra os riscos da desaceleração" econômica nos mercados emergentes e países em desenvolvimento, onde se espera que a inflação seja moderada em geral, acrescenta. As opções de política fiscal podem ser limitadas.

Os preços das matérias-primas em queda estão afetando as exportações desses produtores. Os preços do petróleo devem cair 4,7% este ano e os das matérias-primas não petrolíferas devem se contrair 1,8% em média.

O crescimento nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento se reduziria assim 5% em 2013, ao invés dos 5,3% estimados meses atrás, admite o FMI.

Segundo o Fundo, a maioria dos países industrializados não está em condições de assumir o papel das economias emergentes que sustentaram em boa medida a economia durante as sucessivas crises nos EUA e na Europa.

A zona do euro está, há 18 meses, em uma recessão que se agravará mais que o previsto este ano, com uma contração de 0,6%, segundo o FMI.

Especificamente para a Espanha, mergulhada na crise e com um desemprego que supera 25%, o FMI manteve sua previsão de uma contração do PIB de 1,6%.

"Há dúvidas sobre a saúde dos bancos" europeus e "são necessárias avaliações da qualidade de seus balanços para ver se essas dúvidas são justificadas", destacou Blanchard. "Se for descoberto que alguns bancos não são tão sólidos como se esperava, será necessário dinheiro para recapitalizá-los", conclui.

No caso dos EUA, a maior economia planetária, o FMI corrigiu sua estimativa prévia de abril em 0,2 ponto para baixo, a 1,7% de expansão este ano.

Dos poucos que viram as previsões aumentarem está o Japão, que crescerá 2% este ano, 0,5 ponto a mais que o esperado em abril.

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