As revelações do ex-técnico da Agência Central de inteligência (CIA, pela sigla em inglês) Edward Snowden sobre programas secretos de espionagem, feitas nas últimas três semanas, aumentaram o desgaste da imagem dos Estados Unidos no exterior. A conclusão é de especialistas consultados pelo Correio, segundo os quais os vazamentos despertaram reações, desde os clássicos rivais russos, passando pelos aliados europeus e respingando nos vizinhos latino-americanos, incluindo o Brasil. Enquanto as respostas de China e Rússia foram mais comedidas, as mais enérgicas, vindas de aliados, causaram grande mal-estar. Entre Brasília e Washington, o clima aparente é o de não desestabilizar a aproximação bilateral nos meses que antecedem a visita de Estado que a presidente, Dilma Rousseff, fará à capital dos EUA, em 23 de outubro.
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As denúncias de que dados de ligações e de e-mails de brasileiros foram monitorados pelos serviços de inteligência americanos provocaram uma forte reação do governo. Além das investigações abertas, um grupo de trabalho foi criado para lidar com o caso (Leia na página 15). Mas, na avaliação de Matthew Taylor, professor da American University (Washington), apesar de não ajudar na diplomacia, o impacto maior das revelações será na sociedade brasileira, e não no governo, cuja resposta ele considerou equilibrada. ;Merece destaque o fato de a administração ter agido sem os excessos que temos visto em outros países do continente em relação ao caso Snowden;, lembrou. Taylor afirma que é impossível saber se o Brasil está sendo mais firme com os norte-americanos por trás dos holofotes. ;Os dois governos parecem estar procurando pôr panos quentes para não desestabilizar a aproximação diplomática em curso como preparação para a visita de Estado que Dilma fará a Washington;, disse. Fica a dúvida, segundo dele, se o episódio poderá atrapalhar um avanço mais ousado nas relações bilaterais.