postado em 11/07/2013 17:36
SANTIAGO - Eles não temem o gás lacrimogênio e nem os canhões d;água usados pela polícia, com os quais até gostam de brincar. São os cachorros vira-latas da capital chilena que se juntam incondicionalmente aos manifestantes a cada novo protesto.Dezenas de cães marcharam nesta quinta-feira (11/7) ao lado dos trabalhadores e estudantes convocados pela Central Única de Trabalhadores (CUT), o maior sindicato do país, apoiando seus gritos com latidos e recebendo o carinho de muitos dos manifestantes.
Ao final do protesto, quando alguns começaram a jogar pedras na polícia, os cães começaram a abanar o rabo de felicidade: correndo atrás das pedras, pegando com a boca e devolvendo aos mais exaltados para que voltassem a atacar.
Os cães manifestantes já haviam protagonizado, de forma inesperada, os protestos estudantis de 2011 para exigir mudanças no modelo educacional herdado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Sua presença constante nas fotografias dos confrontos entre a polícia e manifestantes chamou a atenção de todos.
O mais famoso deles, um vira-lata preto com um lenço no pescoço, foi batizado de "El Negro". O animal ainda tem uma página no Facebook, com mais de 6.000 amigos, e uma no Twitter, com cerca de 2.000 seguidores.
"Revolucionário, pai chileno de 32 filhos (reconhecidos) e marido de seis senhoras, amigo do povo e o pior pesadelo da polícia", diz sua apresentação nas redes sociais.
A maioria deles anda suja, cheia de feridas e não tem raça definida. Correm pelas ruas, dormindo pelos cantos, e se reúnem em bandos para se alimentar e perseguir carros e bicicletas.
Fazem parte do cartão-postal do centro de Santiago.
Cerca de 500 mil cães vivem nas ruas da capital, e a maioria (398.611) tem ou já teve proprietários, de acordo com um registro oficial elaborado pela Administração de Santiago, como parte de um plano estadual para controlar a superpopulação canina.
Especialistas dizem que sua proliferação se deve à falta de abrigos municipais, somada a uma política de não-extermínio de cães e a uma incipiente campanha de esterilização.