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Malala participa de assembleia da ONU e diz que ameaças não a silenciarão

É a primeira vez que a adolescente paquistanesa fala em público depois de ser baleada pelo grupo talibã

Agência France-Presse
postado em 12/07/2013 12:14
Nova York - A adolescente paquistanesa Malala Yousafzai afirmou, em seu esperado discurso nas Nações Unidas nesta quinta-feira (11/7), que não será silenciada por terroristas, em seu primeiro discurso público desde que foi baleada pelo grupo talibã que a persegue por sua luta em prol da educação das mulheres.

Malala Yousafzai, fala durante Assembleia da Juventude da ONU, em Nova York

"Eles pensaram que a bala iria nos silenciar, mas falharam", disse Malala em seu aniversário de 16 anos, em uma apresentação que foi aclamada pelo plenário reunido para a Assembleia de Jovens da ONU.

"Os terroristas pensaram que eles mudariam meus objetivos e interromperiam minhas ambições, mas nada mudou na minha vida, com exceção disto: a fraqueza, o medo e a falta de esperança morreram. A força, o poder e a coragem nasceram", completou.





[SAIBAMAIS] Malala, que vestia um véu rosa e um xale que pertenceram à líder paquistanesa assassinada Benazir Bhutto, insistiu que não busca uma vingança pessoal contra o extremista talibã que atirou contra ela em um ônibus no Vale do Swat paquistanês no dia 12 de outubro de 2012. "Eu quero educação para os filhos e filhas dos talibãs e de todos os terroristas e extremistas. Eu não odeio nem mesmo o talibã que atirou em mim. Mesmo que houvesse uma arma na minha mão e ele ficasse na minha frente, eu não atiraria nele". Mas Malala ressaltou que "os extremistas tinham e têm medo de livros e canetas, o poder da educação. O poder da educação os silenciou. Eles têm medo das mulheres". "Deixem-nos pegar nossos livros e canetas. Eles são nossa arma mais poderosa. Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo. Educação é a única solução", disse.


A jovem defensora da educação para meninas foi atingida na cabeça por um tiro disparado por um extremista talibã no momento em que seguia para a escola, em um ônibus, perto de sua casa no Vale do Swat. Ela recebeu tratamento médico na Grã-Bretanha, onde mora atualmente, mas o ataque chamou a atenção para a campanha de Malala a favor de mais oportunidades de estudo para as mulheres.

A revista Time a nomeou, em abril passado, como uma das pessoas mais influentes de 2013 e ela já assimou um contrato de três milhões de dólares por sua biografia. Malala agora é considerada uma forte aspirante a receber o prêmio Nobel da Paz. O grupo talibã deixou claro, no entanto, que ela continua sendo um alvo.

Gordon Brown, ex-primeiro-ministro britânico e enviado especial da ONU para a educação, elogiou Malala como "a garota mais corajosa do mundo", ao apresentá-la ao plenário.


Brown disse que era um "milagre" que Malala tenha se recuperado para estar presente no encontro.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e outros líderes de alto escalão também elogiaram suas ações e conquistas. O discurso, no qual Malala invocou o legado de Martin Luther King, Nelson Mandela e de outros lendários defensores da paz, logo despertou elogios. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou em sua conta no Twitter que Malala passou uma "mensagem poderosa". As Nações Unidas estimam que 57 milhões de crianças em idade escolar primária não têm acesso a educação - metade delas em países em conflito, como a Síria. "Estudantes e professores de todo mundo são intimidados e perseguidos, feridos, estuprados e até mortos. Escolas são queimadas, bombardeadas e destruídas", afirmou Diya Nijhowne, diretor da Coalizão Global para a Proteção de Educação.

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