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Combates na República Democrática do Congo fazem ao menos 130 mortos

Os confrontos envolvem rebeldes do Movimento de 23 de Março e soldados do exército congolês. As forças da ONU não interviram

Agência France-Presse
postado em 15/07/2013 11:58
Kishasa - Os combates em curso desde domingo em Mutaho, perto de Goma (leste da República Democrática do Congo), fizeram 130 mortes, incluindo 120 rebeldes e 10 soldados, declarou nesta segunda-feira (15/7) o porta-voz do governo congolês. "Nossas forças infligiram pesadas perdas aos rebeldes do M23: 120 foram mortos e 12 capturados", assegurou o porta-voz Laurent Mende, durante coletiva de imprensa em Kinshasa, acrescentando que 10 soldados do Exército da RDC morreram.

Soldados do exército congolês são vistos descansando perto de Munigi, onde eles  lutam contra rebeldes fora da cidade de Goma

Estes confrontos começaram domingo à tarde em Mutaho, cerca de dez quilômetros ao norte de Goma, e prosseguem nesta segunda. Disparos de morteiros eram ouvidos dos arredores de Goma, segundo fontes locais. Os confrontos envolveram, até o momento, apenas rebeldes do Movimento de 23 de Março (M23) e soldados do Exército congolês. As forças da ONU não interviram, segundo o porta-voz. "Os FARDC têm respondido com coragem e eficácia à agressão" dos rebeldes, disse Mende. Segundo ele, "as forças do regime recuperaram algumas posições do inimigo, que fugiu para Kilimanyoka, perto de Kibati".



[SAIBAMAIS]O M23 é formado por ex-soldados congoleses que se amotinaram e encontraram, de acordo com a RDC e as Nações Unidas, apoio em homens e munições dos governos de Uganda e de Ruanda. Ambos os países negam qualquer assistência ao M23. "Durante várias semanas, os rebeldes e seus aliados ruandeses reforçaram suas posições nos arredores de Kibati, perto de Mutaho", assegurou Mende. O movimento rebelde, que chegou a ocupar Goma durante dez dias em novembro de 2012, deixou a cidade sob pressão dos países da região em troca de negociações com o governo. As discussões estagnaram com o avanço do M23 e a integração de seus homens nas forças armadas (FARDC). O porta-voz do governo não quis especificar o número de soldados envolvidos nos combates. De acordo com fontes locais, três batalhões das FARDC - cerca de 2.000 homens - estariam lutando.

"Durante várias semanas, os rebeldes e seus aliados ruandeses reforçaram suas posições nos arredores de Kibati, perto de Mutaho", assegurou Mende.

Já o M23 condenou "esta retomada da guerra por iniciativa do governo congolês", em um comunicado difundido no início da noite.

Ruanda, por sua vez, acusou o Exército da RDC e a Força da ONU neste país de terem "deliberadamente" bombardeado duas aldeias ruandesas.

"Dois morteiros atingiram os vilarejos de Kageshi e Gasiza (...) 8 km e 12 km ao norte de Rubavu", novo nome da cidade de Gisenyi, sem ferir ninguém, declarou à AFP o general Joseph Nzabamwita, porta-voz do Exército ruandês.

"Trata-se de um ato de provocação deliberada", disse ele, rejeitando a hipótese de acidente, porque, segundo ele, nenhum combate foi registrado nas proximidades da zona de origem dos disparos.

O movimento rebelde, que chegou a ocupar Goma durante dez dias em novembro de 2012, deixou a cidade sob pressão dos países da região em troca de negociações com o governo.

As negociações de paz iniciadas em dezembro em Kampala não avançaram muito, já que o governo se recusa a estendê-las aos níveis político e social.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou em março uma resolução criando uma brigada de intervenção de 3.000 homens dentro da Missão de Estabilização na RDC (Monusco), para neutralizar os grupos armados no leste da RDC.

A Monusco é comandada pelo general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz.

Para fugir da violência, 65.000 congoleses já buscaram refúgio em Uganda, segundo novas estimativas da Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

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